Vaticano: Papa defende que Igreja está a fazer progressos no combate aos abusos sexuais

Francisco diz que Santa Sé tem determinado «várias condenações», numa matéria que considera «inegociável»

Lisboa, 25 set 2018 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em conferência de imprensa que a Igreja Católica está a fazer progressos no combate aos abusos sexuais, com “várias condenações” por parte da Santa Sé.

Francisco falava aos jornalistas, na viagem de regresso a Roma, desde Talin, a respeito das críticas à resposta da hierarquia católica a estes casos, dando como exemplo o recente relatório da Pensilvânia, nos EUA.

Segundo o pontífice, nas primeiras décadas estudadas, ainda no século XX, “muitos padres caíram nesta corrupção” dos abusos sexuais.

“Depois, nos tempos mais recentes, diminuiu, porque a Igreja tomou consciência de que devia lutar de outra forma. Antigamente, estas coisas encobriam-se, também em casa”, porque era “uma vergonha muito grande”, acrescentou.

O relatório divulgado em agosto identificou mais de 300 sacerdotes abusadores num período de 70 anos, com mais de mil vítimas menores.

“Quando a Igreja Católica tomou consciência disto, fez tudo o que estava ao seu alcance”, declarou Francisco.

O Papa revelou que tem havido “muitas, muitas condenações” da Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé), rejeitando sempre assinar qualquer indulto, por considerar que é uma matéria “inegociável”.

A maior parte dos abusos identificados no relatório norte-americano aconteceram nas décadas de 60, 70 e 80 do último século.

No final da sua viagem ao Báltico, esta terça-feira, Francisco tinha dito aos jovens que a Igreja tinha de ser transparente e honesta ao enfrentar os “escândalos” económicos e sexuais que estão a afastar as pessoas das comunidades católicas.

Já no avião, o pontífice sublinhou que os jovens se “escandalizam com a hipocrisia” e a corrupção.

“Ainda que tivesse sido um único padre a abusar de um menino ou de uma menina, isso é monstruoso, porque aquele homem foi escolhido por Deus”, afirmou.

O Papa falou de um ato de “grande corrupção” por parte de quem tem a missão de “levar a criança até de Deus, não de a destruir”.

Como tinha acontecido na última viagem internacional, na Irlanda, Francisco não respondeu diretamente às acusações do antigo núncio nos EUA, D. Carlo Maria Viganò, sobre uma alegada proteção ao ex-cardeal Theodore McCarrick, de Washington.

O Papa, contudo, disse que após o comunicado do antigo representante diplomático da Santa Sé, vários episcopados do mundo lhe escreveram para lhe manifestar “proximidade” e assegurar a sua oração.

“Os fiéis chineses escreveram-me e o documento estava assinado pelo bispo da Igreja ‘tradicional católica’, digamos assim, e pelo bispo da Igreja ‘patriótica’, as duas comunidades de fiéis juntas. Isso para mim foi um sinal de Deus”, revelou.

Francisco convidou a usar uma “hermenêutica” adequada para avaliar situações do passado, dando como exemplo o crescimento da “consciência moral” face à pena de morte, que hoje não é admitida pela Igreja Católica; no século XIX, no entanto, o Estado Pontifício aplicava esta pena capital.

“A consciência moral cresce”, insistiu.

OC

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Agência ECCLESIA

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