Vaticano: Papa defende necessidade de valorizar «grande contributo» de professores e educadores

Encontro no Jubileu do Mundo Educativo apresentou interioridade, unidade, amor e alegria como «pontos cardeais» para renovar a escola no tempo da IA

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 31 out 2025 (Ecclesia) – O Papa defendeu hoje, no Vaticano, a importância de valorizar o papel dos professores e educadores, falando numa missão de “amor” que constrói a sociedade.

“O ensino jamais pode ser separado do amor: uma dificuldade atual das nossas sociedades a este respeito é a de não saber mais valorizar suficientemente o grande contributo que professores e educadores oferecem à comunidade. Estejamos atentos: desmerecer o papel social e cultural dos formadores é hipotecar o próprio futuro, e uma crise na transmissão do saber traz consigo uma crise de esperança”, advertiu Leão XIV, num encontro com milhares de pessoas, na Praça de São Pedro, por ocasião do Jubileu do Mundo Educativo.

Um dia depois de se ter encontrado com alunos e estudantes, o Papa reuniu-se esta manhã com educadores de todo o mundo, evocando a sua própria experiência como professor, nas instituições da Ordem de Santo Agostinho, a que pertencia.

Leão XVI apresentou quatro princípios para a ação educativa, “interioridade, unidade, amor e alegria”, desejando que se tornem “os pilares de um caminho a percorrer juntos”.

“A inteligência artificial, em particular, com o seu conhecimento técnico, frio e padronizado, pode isolar ainda mais os alunos já isolados, dando-lhes a ilusão de não precisarem dos outros ou, pior ainda, a sensação de não serem dignos de estar com eles. O papel dos educadores, por outro lado, é um compromisso humano, e a própria alegria do processo educativo é totalmente humana”, apontou.

Vivemos num mundo dominado por ecrãs e filtros tecnológicos, muitas vezes superficiais, no qual os alunos precisam de ajuda para entrar em contacto com a sua própria interioridade. E não só eles. Também os educadores, muitas vezes, estão cansados e sobrecarregados de tarefas burocráticas.”

A orientação converge com a carta apostólica ‘Desenhar novos mapas de esperança’, divulgada esta semana, em que o Papa alertou contra um “eficientismo sem alma” e pediu renovação pedagógica diante da IA.

Leão XIV agradeceu o empenho “polifónico” de dioceses, congregações, associações e movimentos, reconhecendo o serviço prestado “na transmissão do saber humanístico e científico”.

“A verdade não circula através de sons, muros e corredores, mas no encontro profundo entre as pessoas, sem o qual qualquer proposta educativa está destinada ao fracasso”, sustentou.

Depois de ter percorrido a Praça de São Pedro em carro aberto, e perante os aplausos da multidão, o Papa convidou os presentes a “construir pontes de diálogo e paz também dentro das comunidades docentes”, a superar “preconceitos ou visões limitadas”, a abrir-se a “processos de coaprendizagem” e ir ao encontro “dos mais frágeis, pobres e excluídos”.

“Hoje, nos nossos contextos educativos, é preocupante ver crescer em todas as idades os sintomas de uma fragilidade interior generalizada. Não podemos fechar os olhos diante destes silenciosos pedidos de ajuda”, alertou.

O Jubileu do Mundo Educativo conclui-se este sábado, pelas 10h30 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro, com a Missa presidida por Leão XIV, que proclamará São João Henrique Newman como doutor da Igreja e copadroeiro da missão educativa, ao lado de São Tomás de Aquino.

OC

Vaticano: Papa lembrou tempo como professor para responder a desafios de alunos no Jubileu do Mundo Educativo

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