Vaticano: Papa defende Igreja com presença «solidária, empática, discreta», para acolher todos

Leão XIV presidiu à abertura do ano pastoral na Diocese de Roma, pedindo que seja «laboratório de sinodalidade»

Roma, 19 set 2025 (Ecclesia) – Leão XIV defendeu hoje uma presença “solidária” e “empática” das comunidades católicas, para que possam acolher todos os que as procuram.

“Parece-me urgente estabelecer uma pastoral solidária, empática, discreta, não julgadora, que saiba acolher todos e propor percursos o mais personalizados possível, adequados às diferentes situações de vida dos destinatários, declarou, na homilia da celebração de abertura do ano pastoral da Diocese de Roma, na Basílica de São João de Latrão, a catedral do Papa.

Perante responsáveis de toda a diocese romana, o pontífice apelou ao “envolvimento dos jovens e das famílias”.

“Uma vez que as famílias têm dificuldade em transmitir a fé e podem ser tentadas a fugir a essa tarefa, devemos procurar acompanhá-las sem nos substituirmos a elas, tornando-nos companheiros de caminho e oferecendo instrumentos para a busca de Deus”, apelou.

Trata-se – devemos dizê-lo honestamente – de uma pastoral que não repete as coisas de sempre, mas oferece uma nova aprendizagem; uma pastoral que se torna como uma escola capaz de introduzir à vida cristã, de acompanhar as fases da vida, de tecer relações humanas significativas e, assim, de incidir também no tecido social, especialmente a serviço dos mais pobres e dos mais fracos.”

O Papa evocou o processo sinodal que decorreu entre 2021 e 2024, afirmando que “o Espírito suscitou a esperança de uma renovação eclesial, capaz de revitalizar as comunidades”.

“O fruto do caminho sinodal, após um longo período de escuta e confronto, foi, antes de tudo, o impulso para valorizar os ministérios e os carismas, atingindo a vocação batismal, colocando no centro a relação com Cristo e o acolhimento dos irmãos, a partir dos mais pobres, partilhando as suas alegrias e dores, as suas esperanças e esforços”, acrescentou.

Leão XIV pediu que a Igreja de Roma se torne um “laboratório de sinodalidade”, num contexto marcado por “numerosas e crescentes pobrezas económicas e existenciais, com jovens frequentemente desorientados e famílias frequentemente sobrecarregadas”.

Uma Igreja sinodal em missão precisa de se habilitar a um estilo que valorize os dons de cada um e que compreenda a função de guia como um exercício pacificador e harmonioso, para que, na comunhão suscitada pelo Espírito, o diálogo e a relação nos ajudem a vencer as numerosas pressões para a oposição ou o isolamento defensivo.”

O discurso sublinhou a importância de “organismos de participação”, da paróquia ao nível diocesano, também para superar uma visão pastoral “isolada, no seu recinto paroquial e nos seus esquemas”.

“É necessário experimentar, se necessário, novos instrumentos e linguagens, envolvendo as famílias no caminho e procurando superar uma abordagem escolar da catequese. Nesta perspetiva, é necessário cuidar com delicadeza e atenção aqueles que expressam o desejo do Batismo na adolescência e na idade adulta”, apelou.

Além dos párocos, vigários paroquiais, reitores, capelães e diáconos, estiveram presentes três leigos por cada paróquia, representantes da consulta das associações laicais e representantes dos institutos religiosos, masculinos e femininos.

A saudação inicial esteve a cargo do cardeal Baldassare Reina, vigário-geral da Diocese de Roma, que evocou as “muitas situações de sofrimento” na capital italiana.

“As desigualdades aumentam, a pobreza absoluta das famílias cresce, os subúrbios às vezes são inabitáveis devido à criminalidade que controla capilarmente o território; faltam casas para os jovens e para as pessoas que não têm muitos recursos económicos, cresce o mal-estar mental e também o acesso aos cuidados de saúde para os pobres e idosos está a tornar-se um problema sério”, denunciou.

A 25 de maio, Leão XIV tinha estado em São João de Latrão para tomar posse da Cátedra do Bispo de Roma.

OC

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