Vaticano: Papa critica uniões conjugais fora do matrimónio, feitiçaria e tribalismo étnico em Angola e São Tomé

Cristãos são «chamados a renunciar às tendências nocivas imperantes e a caminhar contracorrente», sublinha Bento XVI

Cidade do Vaticano, 29 out 2011 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje as uniões conjugais fora do sacramento do matrimónio, a feitiçaria e o tribalismo étnico que ocorrem em Angola e São Tomé e Príncipe, durante a audiência que concedeu no Vaticano a bispos daqueles países.

No discurso revelado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Bento XVI afirmou que o primeiro dos “três escolhos” onde “naufraga a vontade de muitos santomenses e angolanos que aderiram a Cristo” é o “chamado ‘amigamento’, que contradiz o plano de Deus para a geração e a família humana”.

“O reduzido número de matrimónios católicos, nas vossas comunidades, indica uma hipoteca que grava sobre a família, cujo valor insubstituível para a estabilidade do edifício social conhecemos”, acentuou o Papa.

Depois de lembrar que a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé “escolheu o matrimónio e a família como prioridades”, Bento XVI vincou que o “amor esponsal” deve ser “único e indissolúvel”, sendo este um “tesouro precioso” que “deve ser salvaguardado, custe o que custar”.

O segundo obstáculo que a Igreja Católica deve resolver é a divisão “entre o cristianismo e as religiões tradicionais africanas” patente nos batizados: “Aflitos com os problemas da vida, não hesitam em recorrer a práticas incompatíveis com o seguimento de Cristo”.

“Efeito abominável é a marginalização e mesmo o assassinato de crianças e idosos, a que são condenados por falsos ditames de feitiçaria”, denunciou o Papa, que pediu aos prelados para chegarem a um método que conduza à “definitiva erradicação” daquelas práticas, “com a colaboração dos governos e da sociedade civil”.

A intervenção de Bento XVI também mencionou os “resquícios de tribalismo étnico palpáveis nas atitudes de comunidades que tendem a fechar-se, não aceitando pessoas originárias doutras partes da nação”.

Na Igreja “não há lugar para qualquer tipo de divisão”, dado que o “vínculo de fraternidade é mais forte” do que o das famílias e das tribos, salientou o Papa.

“Os cristãos respiram o espírito do seu tempo e sofrem a pressão dos costumes da sociedade em que vivem; mas, pela graça do Batismo, são chamados a renunciar às tendências nocivas imperantes e a caminhar contracorrente”, frisou Bento XVI.

A audiência do Papa a membros da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé conclui a série de encontros que os bispos iniciaram na segunda-feira, no contexto da visita “ad limina”, abreviatura de “ad sacra limina Apostolorum (“aos sagrados túmulos dos Apóstolos”).

A expressão é usada para a visita que o bispo diocesano deve fazer a cada cinco anos a Roma para venerar os túmulos de São Pedro e São Paulo, estar com o Papa e apresentar-lhe o relatório do estado da sua diocese.

Bento XVI evocou a deslocação realizada em março de 2009 a Luanda, onde celebrou “Jesus Cristo no meio dum povo que não se cansa de O procurar, amar e servir com generosidade e alegria”.

RJM

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Agência ECCLESIA

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