Francisco lamenta entendimentos de liberdade que levam à exploração dos outros e da natureza
Cidade do Vaticano, 05 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa destacou hoje, no Vaticano, a importância da liberdade na vida da Igreja e da sociedade, criticando a “tentação” de “querer encerrar o Espírito Santo em cânones, instituições ou definições”.
“O Espírito cria e anima as instituições, mas Ele mesmo não pode ser institucionalizado. O vento sopra onde quer, por isso o Espírito distribui os seus dons conforme lhe apraz”, referiu, na catequese da audiência pública semanal, que decorreu na Praça de São Pedro.
Francisco citou as reflexões de São Paulo, dirigidas às primeiras comunidades cristãs, para destacar que “onde está o Espírito do Senhor, há liberdade”.
“Esta é uma liberdade muito especial, muito diferente do que comumente se entende”, advertiu.
“Não é liberdade para fazer o que quiser, mas liberdade para fazer livremente o que Deus quer! Não liberdade para fazer o bem ou o mal, mas liberdade para fazer o bem e fazê-lo livremente, isto é, por atração, não por coerção. Noutras palavras, liberdade como filhos, não como escravos”, indicou.
O Papa lamentou um mau uso da liberdade, como o que “permite aos ricos explorar os pobres, aos fortes explorar os fracos e a todos explorar o ambiente impunemente”.
A reflexão partiu do termo bíblico “Ruach”, que significa sopro, vento, respiro, com o qual se identifica o Espírito Santo.
“O vento é a única coisa que não pode ser contida, de todo, não pode ser engarrafado ou enlatado. Pretender encerrar o Espírito Santo em conceitos, definições, teses ou tratados, como o racionalismo moderno às vezes tentou fazer, significa perdê-lo, anulá-lo ou reduzi-lo ao puro e simples espírito humano”, apontou.
Peçamos a Jesus que nos torne, através do seu Espírito Santo, homens e mulheres verdadeiramente livres. Livres para servir, no amor e na alegria”.
No final da audiência, o Papa saudou os peregrinos língua portuguesa.
“Peçamos ao Senhor que, renovando em nós a efusão do Espírito Santo, nos faça verdadeiramente livres do egoísmo e da autossuficiência, para servir com amor os nossos irmãos e irmãs”, apelou.
Francisco convidou todos os presentes a rezar “ao Senhor, por intercessão da sua Mãe, pela paz”.
“A paz na martirizada Ucrânia, a paz na Palestina, Israel, a paz em Myanmar. Rezemos para que o Senhor nos dê o dom da paz e o mundo não sofra tanto, com as guerras”, concluiu.
OC