Vaticano: Papa critica países que se dizem cristãos, mas procuram fazer a guerra

Francisco sublinha necessidade de superar lógica da «vingança» nas relações pessoais e sociais

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 20 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje no Vaticano os países que se afirmam de tradição cristã, mas procuram fazer a guerra, convidando a superar lógicas de “vingança” nas relações pessoais e sociais.

“Como é triste quando pessoas e povos, com orgulho de serem cristãos, veem os outros como inimigos e pensam em fazer guerra! É muito triste”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco sustentou que a vingança e o rancor são algo que “destrói o coração”.

“Com o Espírito de Jesus podemos responder ao mal com o bem, podemos amar aqueles que nos prejudicam. Assim fazem os cristãos”, indicou.

A reflexão partiu de uma passagem do Evangelho de São Lucas, em que Jesus diz aos seus discípulos como comportar-se diante de quem os tenta prejudicar, oferecendo a “outra face”.

Dar a outra face não é o recuo do perdedor, mas a ação de quem tem maior força interior, é vencer o mal com o bem, que abre uma brecha no coração do inimigo, desmascarando o absurdo de seu ódio. Esta atitude, dar a outra face, não é ditada pelo cálculo, pelo ódio, mas pelo amor”.

Francisco destacou que o discípulo de Jesus é chamado a “não ceder ao instinto e ao ódio”, perante o mal, e cumprir o que Jesus lhe pediu: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam”.

A intervenção admitiu objeções a esta atitude, como se a mesma significasse “luz verde” a qualquer tipo de agressão, mas exemplificou-a com o comportamento de Jesus, no seu julgamento, durante o qual “pede contas de um mal recebido”, sem “ira, sem violência, pelo contrário, com gentileza”.

“Ele não quer desencadear uma discussão, mas desarmar o rancor: extinguir o ódio e a injustiça juntos, tentando recuperar o irmão culpado”, precisou.

O Papa afirmou que Deus dá a cada um a “força para amar”, o Espírito Santo, e convidou os presentes a pensar nalguma pessoa que lhes tenha feito mal, rezando por ela.

OC

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Após a recitação do ângelus, Francisco evocou as populações atingidas por calamidades naturais, como no caso de Madagáscar, “flagelado por uma série de ciclones”, e as vítimas das cheias em Petrópolis, Brasi, rezando pelas vítimas, seus familiares e quem lhes presta socorro.

O Papa associou-se à celebração do Dia Nacional dos Profissionais de Saúde, na Itália, sublinhando que, no momento da doença, “ninguém se salva sozinho”.

Francisco prestou a sua homenagem aos médicos, enfermeiros e voluntários que estão perto dos doentes, o “heroico pessoal de saúde” que enfrentou a crise da Covid-19 e que, depois da pandemia, continua a viver “essa heroicidade, todos os dias”.

A intervenção concluiu-se com um “muito obrigado” e uma salva de palmas para todo o pessoal de saúde.

 

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Agência ECCLESIA

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