Francisco recebeu participantes em jornada de reflexão sobre o tema
Cidade do Vaticano, 12 fev 2018 (Ecclesia) – O Papa denunciou hoje no Vaticano a falta de “vontade política” para combater o tráfico de pessoas, que definiu como “crime contra a humanidade”.
“A consciência real sobre o tema chama a atenção para a ‘procura do tráfico’ que é responsável pela oferta, a cadeia do consumo. Somos todos convidados a sair da hipocrisia e enfrentar a ideia de sermos parte do problema”, disse, numa intervenção divulgada pelo jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’.
O pontífice reforçou a sua preocupação com as consequências do que denomina como “cultura do descarte”, que leva à exploração dos seres humanos.
O encontro com a delegação dos organizadores do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico Humano, celebrado a 8 de fevereiro, decorreu em forma de diálogo, com questões de jovens migrantes e italianos.
“Os jovens estão numa posição privilegiada para encontrar os sobreviventes do tráfico de seres humanos. Vocês têm de ir às paróquias, a uma associação perto de casa, encontrem-se com as pessoas, ouçam-nas”, exortou o Papa.
Francisco disse que o seu apelo ao acolhimento de migrantes e refugiados mereceu um “grande empenho” por parte de muitas paróquias católicas, às quais agradeceu.
A intervenção alertou para os riscos que os mais novos enfrentam na internet e nas redes sociais, pedindo uma maior aposta na educação, “instrumento de proteção que ajuda a identificar os perigos e fugir das ilusões”.
O Papa espera que testemunhas reais do tráfico possam encontrar no próximo Sínodo dos Bispos, em outubro, um lugar para falarem da sua história.
“É meu grande desejo que jovens representantes das periferias sejam protagonistas deste Sínodo. Faço votos de que vejam o Sínodo como local para lançar uma mensagem aos governantes”, disse.
Francisco pediu ainda que a assembleia de bispos seja uma plataforma para uma mobilização juvenil mundial, na qual a Igreja Católica se apresenta como “uma rede de salvação”.
O Papa concluiu citando Santa Josefina Bakhita, religiosa que foi vítima do tráfico humano: “Esta grande sudanesa é ainda hoje testemunha exemplar de esperança para as numerosas vítimas da escravidão. Que ela nos inspirar a realizar gestos de fraternidade”.
OC