«Um cristão sem coragem, que não dedica as suas forças ao bem, que não incomoda ninguém, é um cristão inútil», adverte Francisco
Cidade do Vaticano, 10 abr 2024 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje, no Vaticano, a diluição da perceção do mal no Ocidente, convidando a “levar a sério” o desafio de combater as “atrocidades” da humanidade atual.
“Basta folhear um livro de história, ou infelizmente até os jornais, para descobrir as atrocidades das quais somos em parte vítimas e em parte protagonistas: guerras, violência, escravidão, opressão dos pobres, feridas nunca curadas que ainda sangram. A virtude da fortaleza faz-nos reagir e gritar um firme ‘não’ a tudo isto”, declarou, na audiência pública semanal.
Francisco falava perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, dando continuidade ao seu ciclo de reflexões sobre vícios e virtudes.
“No nosso confortável Ocidente, que diluiu tudo um pouco, que transformou o caminho da perfeição num simples desenvolvimento orgânico, que não precisa de lutas porque tudo parece igual, às vezes sentimos uma saudável nostalgia dos profetas. Mas as pessoas desconfortáveis e visionárias são muito raras. Precisamos dalguém que nos tire do lugar ‘soft’ em que nos instalamos e nos faça repetir resolutamente o nosso ‘não’ ao mal e a tudo o que leva à indiferença”, advertiu.
“Não ao mal e à indiferença, sim ao caminho que nos faz progredir na vida”, acrescentou o Papa.
A intervenção apresentou a terceira das virtudes cardeais, a fortaleza, como a mais “combatente”.
Um cristão sem coragem, que não dedica as suas forças ao bem, que não incomoda ninguém, é um cristão inútil. Pensemos nisto. Jesus não é um Deus diáfano e assético, que não conhece as emoções humanas, pelo contrário”.
Francisco convidou a superar o medo com a ajuda do Espírito Santo, para “enfrentar tudo com paciente fortaleza, um problema de cada vez”.
“Em larga medida, a realidade constituída por acontecimentos imponderáveis, e neste mar o nosso barco é por vezes sacudido pelas ondas. A fortaleza torna-nos marinheiros resistentes, que não se assustam nem desanimam”, disse ainda.
No final da audiência geral, o Papa saudou os peregrinos de língua portuguesa.
“Encorajo-vos a anunciar Jesus ressuscitado, porque Ele, que é a nossa paz, não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza”, declarou.
OC