Francisco recebeu participantes do III Encontro das Igrejas Hospital de Campanha e ressaltou importância de acolher e a necessidade de reparar as desigualdades
Cidade do Vaticano, 04 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje, em audiência, no Vaticano, os participantes do III Encontro das Igrejas Hospital de Campanha, convidando-os a “semear a esperança” entre os mais frágeis.
“É necessário semear a esperança. Em cada pessoa que acolhem – seja porque é sem-abrigo, ou refugiada, ou faz parte de uma família vulnerável, ou vítima de guerra, ou por qualquer outra razão marginalizada da sociedade – semeiem esperança”, pediu Francisco, no discurso disponibilizado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Papa lembrou os soldados ucranianos feridos na guerra, frisando a necessidade de cuidar destas pessoas.
“A guerra é uma realidade muito dura. É uma realidade que mata e destrói”, afirmou, assinalando que quando encontra grupos de crianças ucranianas que chegam a Itália, algo em que repara “é que não sorriem”.
“A guerra roubou-lhes os sorrisos. É por isso que todo o trabalho que fazem com os refugiados é tão importante”, salientou.
Além de semear a esperança, o Papa apontou mais duas ações que caracterizam o trabalho dos participantes do III Encontro das “Igrejas como Hospitais de Campanha”: anunciar Cristo e corrigir as desigualdades.
Francisco afirmou que uma forma de acolher Cristo é nos pobres e nos migrantes, destacando que esta é uma das realidade presente quer em Itália, como em Espanha.
“Agradeçamos o facto de os migrantes estarem a chegar, porque o nível de idade dos habitantes locais é um pouco escandaloso. Penso que a idade média em Itália é de 46 anos”, assinalou.
O Papa pediu ainda aos presentes para denunciar “à sociedade que a desigualdade, por vezes tão grande, entre ricos e pobres, entre nacionais e estrangeiros, não é o que Deus quer da humanidade e, na justiça, é preciso resolver estas coisas”.
Francisco recordou ainda os jovens e idosos, abordado a forma como são olhados pela sociedade.
O Papa convidou a pensar nas crianças, quando são utilizadas para certos trabalhos e depois abandonadas, e nos mais velhos, quando “são descartados” como se “não tivessem nada para dar à sociedade”.
Francisco agradeceu o trabalho dos participantes no III Encontro das Igrejas Hospital de Campanha, promovido pela associação Mensageiros da Paz, liderada pelo padre Ángel García Rodríguez, que apoia as pessoas vulneráveis e excluídas da sociedade, e manifestou o desejo de que participantes não deixem de descobrir que cuidar dos mais vulneráveis “é sempre um privilégio”.
“Cada vez que temos a oportunidade de nos aproximar deles, de lhes oferecer a nossa ajuda, é a oportunidade que temos de tocar a carne de Cristo, porque levar o Evangelho não é uma coisa abstrata, uma ideologia, que se reduz a uma doutrinação”, referiu, acrescentando que esta ação torna-se concreta “no compromisso cristão com os mais necessitados”; sendo “aí que reside a verdadeira evangelização”.
Francisco agradeceu o “testemunho de vida cristã”, a proliferação da esperança, da misericórdia, do amor a todas estas pessoas, para que, “convencidas desta verdade, também elas se juntem para colaborar no serviço aos mais pobres”.
“’Padre, temos de os batizar antes de virem colaborar no serviço aos mais pobres ou temos de os mandar confessar para que estejam na graça de Deus?’ Não. Qualquer um, ateu, não ateu, qualquer um, desta religião ou de outra qualquer. Servir, e servir os mais pobres. Entre os mais pobres está Jesus. Eles estão a servir Jesus, mesmo que não acreditem nele”, sublinhou.
De acordo com o portal Vatican News, o III Encontro das Igrejas Hospital de Campanha começou este domingo em Roma, na Casa São João de Ávila, reunindo cerca de 50 pessoas de diversas associações de Espanha (Madrid e Barcelona), Itália, Jordânia, México e Argentina.
LJ