Médico que operou Francisco diz que intervenção decorreu como previsto e descarta sequelas futuras
Roma, 07 jun 2023 (Ecclesia) – O Papa foi hoje operado a uma hérnia abdominal, no Hospital Gemelli, de Roma, estando “consciente e acordado”, segundo o boletim clínico divulgado esta tarde aos jornalistas.
“A cirurgia e a anestesia geral decorreram sem complicações. O Santo Padre reagiu bem, tanto à cirurgia como à anestesia”, disse o médico responsável pela intervenção, Sergio Alfieri, diretor do departamento de ciências médico-cirúrgicas abdominais, endócrinas e metabólicas do Hospital Universitário Agostino Gemelli.
O cirurgião assinalou que “o Papa está acordado” e “gracejou” com ele.
“O Santo Padre está bem, consciente e acordado”, insistiu, antes de revelar que Francisco tinha gracejado com a intervenção, perguntando quando seria a “terceira”, dado que também foi operado no Gemelli, em julho de 2021, por causa de uma estenose diverticular sintomática do cólon.
Sergio Alfieri precisou que esta foi uma cirurgia programada, devido a uma hérnia abdominal encarcerada, ligada a cicatrizes de operações anteriores a que o Papa foi submetido, “talvez na Argentina”.
O especialista precisou que esta situação causou, nos últimos meses, uma síndrome intestinal “dolorosa, suboclusiva e progressiva”, ou seja, cada vez mais frequente, o que levou à decisão de operar Francisco.
Durante a intervenção cirúrgica, foram encontradas “cicatrizes internas”, entretanto libertadas com “desbridamento completo”.
“Foi executada a reparação do defeito de hérnia, mediante uma cirurgia plástica da parede abdominal, com o auxílio de uma rede protésica”, acrescentou Sergio Alfieri.
O médico foi assistido por sete médicos e um anestesista, na presença de dois responsáveis da Direção de Saúde do Vaticano.
Segundo o responsável pela cirurgia, o tempo de recuperação previsto deveria ser de “5 a 7 dias”, mas admitiu precauções suplementares no caso de Francisco.
“Temos de ter presente que operamos o Papa, um homem de 86 anos, que já sofreu quatro intervenções cirúrgicas e foi recentemente internado por causa de uma infeção respiratória. Adotaremos todas as cautelas”, precisou.
A cirurgia, que durou três horas, não foi “uma decisão de urgência”, caso contrário teria acontecido esta terça-feira, quando Francisco foi ao Gemelli fazer uma TAC.
Questionado sobre eventuais sequelas da operação de 2021, Alfieri sublinhou que se tratava de uma “patologia benigna”, tal como a de hoje, “e está completamente curado”, rejeitando ainda quaisquer sequelas das anestesias gerais.
“Há agora o pós-operatório, mas depois da alta não deixará qualquer marca ou preocupação”, apontou.
Segundo o especialista, “não foram encontradas outras patologias, o Papa não tem outra doenças”.
Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, referiu horas antes que, como “medida preventiva”, todas as audiências do Papa estão suspensas até 18 de junho.
“Tudo o que estava previsto, depois disso, mantém-se de pé, neste momento”, acrescentou o porta-voz do Vaticano.
Francisco tem viagens marcadas a Portugal, por ocasião da JMJ Lisboa 2023, e à Mongólia, em agosto, bem como à cidade francesa de Marselha, em setembro.
O cirurgião Sergio Alfieri destacou que, do ponto de vista médico, após a recuperação, o Papa “poderá continuar a fazer o que está programado”.
“No que nos diz respeito, não haverá limitações”, acrescentou.
OC
Vaticano: Operação do Papa durou três horas e decorreu sem complicações (atualizada)
