Vaticano: Papa confessa admiração pela China e abre portas ao diálogo com Pequim

Francisco concedeu entrevista exclusivamente dedicada a questões ligadas ao país asiático, em vésperas do Ano Novo lunar

Cidade do Vaticano, 02 fev 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco confessou a sua “admiração” pela China, numa entrevista exclusivamente dedicada a este país, e pediu que o Ocidente não tenha “medo” de Pequim.

“A China sempre foi para mim uma referência de grandeza, um grande país, mas mais do que um grande país é uma grande cultura, com uma sabedoria inesgotável”, refere o pontífice argentino, em declarações divulgadas hoje pela ‘Asia Times’.

Francisco revela que esta “admiração” remonta à sua infância e aumentou quando estudou a vida e obra do jesuíta italiano Matteo Ricci (Macerata, 1552-Pequim, 1610), missionário no Oriente.

“Vi como este homem sentiu a mesma coisa do que eu, admiração, e como foi capaz de entrar em diálogo com esta grande cultura, com esta sabedoria ancestral”, prosseguiu.

Neste sentido, o Papa diz que a Igreja Católica tem a necessidade de “entrar em diálogo” com a sabedoria chinesa, aconselhando o Ocidente a não olhar para o crescimento do país asiático com “medo”.

“O mundo ocidental, o mundo oriental e a China têm todos a capacidade de manter um equilíbrio de paz e a força para o fazer: temos de encontrar o caminho, sempre através do diálogo”, defende.

Em vésperas do Ano Novo chinês, Francisco dirige uma saudação ao presidente Xi Jinping e a todo o povo da China.

“Quero manifestar o meu desejo de que nunca percam a sua consciência história de serem um grande povo, com uma grande história de sabedoria, que tem muito a oferecer ao mundo”, declarou.

“Neste Ano Novo, com esta consciência, que possam avançar para ajudar e cooperar com todos no cuidado da nossa casa comum e dos nossos povos”, acrescentou.

O ano novo lunar começa no próximo dia 8, sendo celebrado por milhões de pessoas, tanto no Extremo Oriente como em várias comunidades asiáticas espalhadas pelo mundo, sobretudo chineses, coreanos e vietnamitas.

Em setembro de 2015, o Papa admitiu o desejo de visitar a China, país com o qual pretende construir “boas relações”.

“Amo o povo chinês e espero que haja a possibilidade de ter boas relações. Estamos em contacto, falamos, avançamos”, disse aos jornalistas, no voo de regresso dos Estados Unidos da América.

Francisco recordou que já na sua viagem à Coreia do Sul, tinha manifestado essa vontade de ir à China.

“Para mim, visitar um país amigo como a China, que tem tanta cultura e tantas oportunidades de fazer bem, seria uma alegria”, confessou.

O pontífice argentino foi o primeiro Papa a sobrevoar o espaço chinês, em agosto de 2014, tendo nessa ocasião enviado duas mensagens ao presidente Xi Jinping, pedindo que Deus abençoasse o país asiático.

O regime de Pequim criou em 1957 a Associação Patriótica Católica (APC) para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado.

O Vaticano considera ‘ilegítimos’ os bispos que receberam jurisdição da APC, sem autorização do Papa.

OC

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