Encontro de oração com peregrinos evoca ainda regularização de trabalhadores migrantes, na Itália
Cidade do Vaticano, 03 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco condenou hoje no Vaticano a violência que provocou dezenas de mortes na Etiópia, manifestando a sua solidariedade à Igreja Ortodoxa no país africano.
“Entristece-me a violência sofrida pelos cristãos da Igreja Ortodoxa Tewahedo, da Etiópia. Manifesto a minha proximidade a esta amada Igreja e ao seu patriarca, o querido irmão Abuna Matthias, e peço que rezem por todas as vítimas de violência naquela terra”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a recitação da oração do ângelus.
Os responsáveis ortodoxos têm criticado o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, recentemente distinguido com o Prémio Nobel da Paz, pela sua gestão dos confrontos étnicos e religiosos que deixaram mais de 60 mortos nos últimos dias.
Em causa estão acusações do ativista político Jawar Mohammed contra o Governo, que levaram os seus apoiantes a entrar em confronto com a polícia; três igrejas ortodoxas e uma mesquita foram alvos de ataques.
Ainda esta manhã, o Papa deixou o seu “sincero agradecimento ao Município e à Diocese de San Severo, na Apúlia, sudeste da Itália, pela assinatura de um memorando de entendimento realizado na segunda-feira, que permitirá aos trabalhadores dos chamados “guetos da Capitanata” – espaços que acolhem imigrantes ilegais -, na área de Foggia, que tenham domicílio nas paróquias locais e registo no cartório municipal.
“A possibilidade de possuir documentos de identidade e residência vai proporcionar-lhes nova dignidade e permitir-lhes sair de uma condição de irregularidade e exploração”, declarou.
O acordo foi intermediado pelo esmoler pontifício, cardeal Konrad Krajewski.
Na sua reflexão dominical, o Papa Francisco destacou a importância de acolher a “misericórdia” de Deus, reconhecendo.se com pecador.
A intervenção partiu do encontro, relatado pelos Evangelhos, entre Jesus Cristo e Zaqueu, um “publicano”, que estava ao serviço dos Romanos.
“Nós também teríamos ficado escandalizados com esse comportamento de Jesus, mas o desprezo e o fechamento em relação ao pecador mais não fazem do que isolá-lo e endurecê-lo no mal que ele faz, contra si e contra a comunidade”, advertiu o pontífice.
Francisco realçou que “Deus condena o pecado, mas tenta salvar o pecador”, promovendo uma mudança na sua vida.
Nas tradicionais saudações do final do encontro de oração, o Papa cumprimentou o grupo de peregrinos de Lordelo de Ouro (Diocese do Porto).
OC