Vaticano: Papa condena «tragédia» da mutilação genital feminina e apela à defesa dos direitos das mulheres

Francisco diz que aumento do número de mulheres em cargos de responsabilidade tem melhorado ação da Santa Sé

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano 06 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa condenou hoje o “terrível” crime da mutilação genital feminina, apelando à defesa dos direitos das mulheres e à promoção da “igualdade”.

“Os direitos são fundamentais: por que razão, no mundo, não podemos hoje parar com a tragédia da mutilação genital nas meninas? Isto é terrível. Hoje, que exista esta prática, que a humanidade não consiga eliminar isto que é um crime, um ato criminoso”, disse aos jornalistas, no voo de regresso a Roma, após uma viagem de quatro dias ao Barém.

Francisco considerou que a igualdade entre homens e mulheres “ainda não existe universalmente”, pelo que, em muitos casos as mulheres consideradas como pessoas “de segunda classe ou menos”.

“Devemos continuar a lutar, porque as mulheres são um dom. Deus não criou o homem e depois deu-lhe um cachorrinho para se divertir, não. Criou os dois, iguais, homem e mulher”, sustentou.

O Papa respondia a uma pergunta sobre as manifestações no Irão, desde a morte de Mahsa Amini a 16 de setembro – a jovem mulher morreu três dias depois de ter sido presa em Teerão, por usar o véu islâmico incorretamente.

Francisco evitou comentar esta situação, em particular, mas insistiu na ideia da “igualdade”, que considerou a base de “todos os direitos da mulher”.

“Uma sociedade que elimina as mulheres da vida pública é uma sociedade que empobrece. Empobrece. Igualdade de direitos, sim, mas também uma igualdade de oportunidades. Igualdade de (possibilidades) para seguir em frente, porque, caso contrário, fica mais pobre”, sustentou.

A conversa com os jornalistas referiu o papel das mulheres na transformação da “visão económica”, abordando, a esse respeito, a nomeação da italo-americana Marianna Mazzuccato para a Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé).

A escolha foi contestada por setores e movimentos católicos, que acusam a economista de se ter manifestado contra a decisão do Supremo Tribunal dos EUA de reverter o acórdão do caso “Roe vs. Wade”.

“Ela é uma grande economista dos Estados Unidos, (nomeie-a) para dar um pouco de humanidade a isto”, explicou Francisco.

O Papa falou ainda do aumento do número de mulheres em cargos de responsabilidade na Santa Sé.

“Sempre que uma mulher entra para fazer um trabalho no Vaticano, as coisas melhoram. Por exemplo, a vice-governadora do Vaticano é uma mulher [irmã Raffaella Petrini] e as coisas mudaram bem”, declarou.

Francisco falou ainda do Conselho para a Economia, da Santa Sé, que agora conta com cinco mulheres.

“Esta é uma revolução, porque as mulheres sabem encontrar o caminho certo, sabem ir em frente”, declarou.

O Papa reconheceu que falta fazer “caminho” para superar o machismo, que “mata a humanidade”.

“A luta pelos direitos da mulher é uma luta contínua”, afirmou.

OC

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Agência ECCLESIA

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