Francisco pede «purificação» da linguagem, para evitar agressividade e disseminação do ódio
Cidade do Vaticano, 27 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje no Vaticano a disseminação de “notícias falsas”, propondo uma “purificação” da linguagem para evitar agressividade e disseminação do ódio.
“A maledicência magoa e a calúnia pode ser mais afiada do que uma faca. Hoje em dia, especialmente no mundo digital, as palavras correm depressa, mas muitos transmitem raiva e agressão, alimentam notícias falsas e aproveitam-se de medos coletivos para propagar ideias distorcidas”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício.
Falando antes da recitação do ângelus, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco abordou a necessidade de medir as palavras, evitando que a linguagem sirva para “alimentar preconceitos, erguer barreiras, atacar e até destruir” os outros.
“Vamos interrogar-nos sobre que tipo de palavras usamos: palavras que expressam atenção, respeito, compreensão, proximidade, compaixão ou palavras que visam principalmente tornar-nos bonitos diante dos outros?”, questionou.
Falamos com mansidão ou contaminamos o mundo, espalhando veneno, criticando, reclamando, alimentando a agressão generalizada?”
Partindo da passagem do Evangelho lida nas celebrações deste domingo, nas igrejas de todo o mundo, Francisco alertou para a tentação de estar “muito atento aos defeitos dos outros”, negligenciando os próprios.
“Muitas vezes queixamo-nos de coisas que não estão bem na sociedade, na Igreja, no mundo, sem antes nos questionarmos e sem nos comprometermos em mudar-nos a nós mesmos”, indicou.
Francisco convidou os católicos a ver os outros com o olhar de Jesus, para “mudar a ótica” e descentrar-se do erro, a começar por dentro de cada um.
“Qualquer mudança positiva, fecunda, deve começar por nós mesmos”, apontou.
Após a oração, Francisco recordou os 16 novos beatos da Igreja Católica, “mortos por ódio à fé”, no contexto da “perseguição religiosa dos anos 30 do século passado, na Espanha”
“Que o seu testemunho destes discípulos heroicos de cristo possa suscitar em todos o desejo de servir o Evangelho com fidelidade e coragem”, disse, antes de pedir um aplauso da multidão.
A beatificação dos 16 católicos – 14 sacerdotes, um seminarista e um leigo – assassinados em 1936 foi celebrada este sábado, na Catedral de Granada, sob a presidência do cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé).
Ao saudar os vários grupos presentes, incluindo universitários do Porto, o Papa Francisco associou-se à celebração do Dia Mundial das Doenças Raras, que se assinala esta segunda-feira.
OC
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