Vaticano: Papa condena «hipocrisia» na religião

Francisco diz que verdadeira fé se manifesta no amor a Deus e ao próximo, sem «legalismo» ou «ritualismo»

Cidade do Vaticano, 02 set 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco criticou hoje no Vaticano a “hipocrisia” de quem vive a sua fé de forma sobranceira, ignorando ou julgando o próximo.

“O Senhor convida-nos a fugir do perigo de dar mais importância à forma do que à substância, convida-nos a reconhecer sempre que o verdadeiro centro da experiência de fé é o amor a Deus e o amor ao próximo, purificando-a da hipocrisia do legalismo e do ritualismo”, disse, perante milhares de pessoas reunidas para a recitação da oração do ângelus.

Francisco sublinhou a necessidade de “praticar a caridade” com quem mais precisa, “os mais frágeis, os que estão mais à margem”.

“São as pessoas de que Deus cuida de forma especial, pedindo-nos que façamos o mesmo”, acrescentou.

A intervenção deixou alertas contra a “mentalidade mundana”, ou seja, uma vida marcada pela “vaidade, a avareza, a soberba”.

Quem vive nesta mentalidade, assinalou o Papa, e condena os outros é “um hipócrita”.

O pontífice convidou os católicos a fazer “escolhas concretas pelo bem dos irmãos”, como forma de “honrar o Senhor com o coração”.

Após a oração, Francisco referiu-se à beatificação, este sábado, da eslovaca Anna Kolesárová, “morta por ter resistido a quem queria violar a sua dignidade e a sua castidade”, comparando-a à santa italiana Maria Goretti.

“Que esta jovem corajosa ajude os jovens cristãos a permanecer firmes na fidelidade ao Evangelho, mesmo quando isso exige ir contra a corrente e pagar na própria carne”, acrescentou, antes de pedir um aplauso para a nova beata.

A cerimónia de beatificação decorreu em Kosice e foi a primeira presidida pelo novo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o cardeal Giovanni Angelo Becciu.

A Ana Kolesárová, jovem eslovaca de 16 anos, foi morta em 22 de novembro de 1944 por um militar soviético, na II Guerra Mundial, numa tentativa de violação.

O cardeal Becciu disse, na homilia da celebração, que a violação continua hoje a ser usada como “arma de guerra” e deve ser vista como “um crime contra a humanidade”.

“Quanta violência é ainda perpetrada contra as mulheres, mesmo na nossa Europa civilizada, onde o feminicídio continua a prosperar e o corpo da mulher é muitas vezes objeto de comércio indigno da pessoa humana”, advertiu o responsável da Santa Sé.

OC

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Agência ECCLESIA

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