Francisco envia carta aos «irmãos» judeus de Israel, apelando ao fim da guerra e libertação dos reféns
Cidade do Vaticano, 03 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa condenou o aumento do antissemitismo, na sequência do conflito que opõe Israel ao Hamas, pedindo o fim da “espiral de violência” na Terra Santa.
“Estamos, de facto, como já disse há algum tempo, numa espécie de ‘guerra mundial aos pedaços’, com graves consequências para a vida de muitas populações. Infelizmente, também a Terra Santa não foi poupada a esta dor e, desde 7 de outubro, está mergulhada numa espiral de violência sem precedentes”, refere, numa carta aos “irmãos e irmãs judeus de Israel”, divulgada hoje pelo Vaticano.
A 7 de outubro de 2023, militantes do Hamas atacaram o sul de Israel, onde mataram cerca de 1200 pessoas e fizeram centenas de reféns.
Como consequência da retaliação israelita, a Faixa de Gaza, com 2,3 milhões de habitantes, tem estado sob bombardeamento e ataques que provocaram mais de 27 mil mortos, segundo as autoridades do Hamas.
“O meu coração fica dilacerado ao ver o que está a acontecer na Terra Santa, pela força de tanta divisão e ódio. O mundo inteiro assiste com apreensão e tristeza ao que está a acontecer naquela Terra”, escreve o Papa.
Francisco sublinha que esta guerra “também produziu na opinião pública mundial atitudes de divisão, que por vezes se traduzem em formas de antissemitismo e de antijudaísmo”.
“Juntamente convosco, nós, católicos, estamos muito preocupados com o terrível aumento dos ataques contra os judeus em todo o mundo”, refere.
O caminho que a Igreja empreendeu convosco, antigo povo da aliança, rejeita todas as formas de antijudaísmo e antissemitismo, condenando inequivocamente as manifestações de ódio contra os judeus e o judaísmo como um pecado contra Deus.
Francisco reza por israelitas e palestinos, para que “o desejo de paz prevaleça sobre todos”.
“Abraço cada um de vós e, em particular, aqueles que estão consumidos pela angústia, pela dor, pelo medo e até pela raiva”, escreve.
O Papa evoca as pessoas que morreram, os feridos e todos os que ficaram traumatizados, “suplicando a Deus Pai que intervenha e ponha fim à guerra e ao ódio, estes ciclos intermináveis que põem em perigo o mundo inteiro”.
“De uma forma especial, rezamos pelo regresso dos reféns, regozijando-nos por aqueles que já regressaram a casa e rezando para que todos os outros se lhes juntem em breve”, acrescenta.
A carta aponta à necessidade de criar um “caminho de amizade, solidariedade e cooperação” entre judeus e católicos, “trabalhando juntos em todas as partes do mundo, especialmente na Terra Santa”.
OC