Missa no Vaticano reuniu milhares de participantes de 49 países
Cidade do Vaticano, 14 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje o 104.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado numa Missa com milhares de participantes de 49 países, na Basílica de São Pedro, convidando a superar os “medos” e “ir ao encontro do outro”.
“Ter dúvidas e receios não é um pecado. O pecado é deixar que estes medos determinem as nossas respostas, condicionem as nossas escolhas, comprometam o respeito e a generosidade, alimentem o ódio e a recusa. O pecado é renunciar ao encontro com o outro, com o diferente, com o próximo, que de facto é uma ocasião privilegiada de encontro com o Senhor”, sustentou, na homilia da Eucaristia.
O pontífice começou por recordar que quis convidar os migrantes, os refugiados e os requerentes de asilo para esta celebração, que deu um colorido especial ao Vaticano, com bandeiras de dezenas de nações.
“Alguns de vós chegaram há pouco a Itália, outros são residentes desde há muitos anos e aqui trabalham, e ainda outros constituem as assim chamadas ‘segundas gerações’”, realçou.
Entre os participantes, de vários ritos, havia indianos, ucranianos, cabo-verdianos, filipinos, sírios, congoleses, mexicanos e brasileiros; a celebração foi animada pelo coral ‘Hope’ de Turim, que nesta ocasião integrou vários migrantes, informa o portal do Vaticano.
Francisco citou a mensagem que escreveu para esta data, sublinhando que “cada forasteiro” que bate à porta deve ser “ocasião de encontro com Jesus Cristo”.
“E, para o forasteiro, o refugiado, o deslocado e o requerente de asilo, cada porta da nova terra é também uma ocasião de encontro com Jesus”, acrescentou.
A intervenção recordou a obrigação de conhecer e respeitar “as leis, a cultura e as tradições dos países” em que os migrantes são acolhidos.
“ Para as comunidades locais, acolher, conhecer e reconhecer significa abrir-se à riqueza da diversidade sem preconceitos, compreender as potencialidades e as esperanças dos recém-chegados, bem como a sua vulnerabilidade e os seus temores” disse ainda.
O Papa admitiu não ser fácil “entrar numa cultura alheia” e colocar-se no lugar de pessoas “tão diferentes”, o que leva a erguer “muros”.
“Deste encontro com Jesus presente no pobre, em quem é recusado, no refugiado, no requerente de asilo, brota a nossa oração de hoje. É uma oração recíproca: migrantes e refugiados oram pelas comunidades locais, e as comunidades locais oram pelos recém-chegados e pelos migrantes de mais longa permanência”, concluiu.
Já na recitação do ângelus, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco falou das migrações como um “sinal dos tempos” que exigem uma resposta a partir dos princípios da doutrina da Igreja: “acolher, proteger, promover e integrar”.
O Papa anunciou que a partir de 2019, este Dia Mundial, celebrado há mais de século, vai ser assinalado anualmente no segundo domingo de setembro, por razões pastorais.
OC