Vaticano: Papa assume compromisso de combater «chaga» dos abusos sexuais

«Não há absolutamente nenhum lugar» na Igreja para os que abusam de menores, escreveu Francisco

Cidade do Vaticano, 05 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que a Igreja Católica tem de fazer todos os possíveis para erradicar a “chaga” dos abusos sexuais sobre menores, numa carta enviada às Conferências Episcopais e institutos religiosos de todo o mundo.

“É preciso continuar a fazer todos os possíveis para erradicar da Igreja a chaga dos abusos sexuais sobre menores e abrir um caminho de reconciliação e de cura em favor dos que foram abusados”, refere a missiva, divulgada esta manhã pelo Vaticano.

Francisco rejeita que, nestas situações, haja "prioridade" para outro tipo de considerações, como por exemplo "o desejo de evitar o escândalo".

"Não há absolutamente nenhum lugar no ministério [sacerdotal] para os que abusam de menores”, defende.

O Papa explica os objetivos da nova Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores, que visa “melhorar as normas e procedimentos” neste setor, com a ajuda de “personalidades altamente qualificadas e conhecidas pelo seu compromisso neste campo”.

Francisco recorda que em julho de 2014 se encontrou com algumas vítimas de abusos por parte de sacerdotes, uma “oportunidade para ser testemunha direta e comovida da intensidade dos seus sofrimentos e da solidez da sua fé”.

Segundo o Papa, esta comissão “pode ser um instrumento novo, válido e eficaz” para promover o compromisso da Igreja Católica, a todos os níveis, na concretização das “ações necessárias para garantir a proteção dos menores e dos adultos vulneráveis, dando respostas de justiça e misericórdia”.

Francisco anuncia que os membros deste organismo, que representam dioceses “de todo o mundo”, se vão reunir em Roma, pela primeira vez, “dentro de poucos dias”.

"As famílias têm de saber que a Igreja não poupa qualquer esforço para proteger os seus filhos", assinala.

O Papa pede aos bispos e superiores religiosos uma "colaboração plena e atenta" com a comissão  pontifícia, para "reparar as injustiças do passado e ser sempre fiéis à tarefa de proteger os que são os prediletos de Jesus".

A carta sublinha que em dezembro do último ano foram nomeados os novos membros da Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores, agora com 16 responsáveis, metade dos quais mulheres.

O organismo é presidido pelo cardeal Sean Patrick O’Malley, dos Estados Unidos da América, que tem como secretário o também norte-americano monsenhor Robert Oliver.

Os outros membros são os jesuítas Humberto Miguel Yáñez, da Argentina, e Hans Zollner, da Alemanha; o canonista Claudio Papale, da Itália; as pedopsiquiatras Catherine Bonnet, de França, e Sheila Hollins, do Reino Unido; Marie Collins, da Irlanda, que foi abusada na sua juventude; a antiga primeira-ministra polaca Hanna Suchocka; o padre e psicólogo Luis Ali Herrera, da Colômbia; o psicoterapeuta Gabriel Dy-Liacco, das Filipinas; Bill Kilgallon, colaborador da Conferência Episcopal na Nova Zelândia; as irmãs Kayula Gertrude (Zâmbia) e Hermenegild Makoro (África do Sul); Kathleen McCormack, da Austrália; Peter Saunders, inglês que foi vítima de abusos sexuais; a neozelandesa Krysten Winter-Green, especialista no acompanhamento de casos de abusos de menores.

OC

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Agência ECCLESIA

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