Vaticano: Papa associa-se ao Dia Mundial dos Doentes de Lepra

Francisco e a Santa Sé alertam para «discriminação» destas pessoas

Cidade do Vaticano, 30 jan 2022 (Ecclesia) – O Papa associou-se hoje no Vaticano ao Dia Mundial dos Doentes de Lepra, alertando para a discriminação destas pessoas.

“Manifesto a minha proximidade a quantos sofrem desta doença e desejo que não lhes faltem o apoio espiritual e a assistência sanitária”, disse, após a recitação da oração do ângelus.

“É necessário trabalhar juntos para a plena integração destas pessoas, superando toda a discriminação associada a uma doença que, infelizmente, ainda atinge tantas pessoas, especialmente nos contextos sociais mais desfavorecidos”, acrescentou Francisco, desde a janela do apartamento pontifício.

O Vaticano assinalou a data com uma mensagem do Dicastério para o Serviço da Promoção Humana Integral, assinada pelo cardeal Michael Czerny, prefeito interino do organismo.

“A hanseníase é uma doença tropical negligenciada devastadora, embora curável, que está em declínio há várias décadas. Desde que a politerapia foi introduzida na década de 1980, os sintomas físicos desta doença tornaram-se administráveis e deram esperança para a eventual eliminação da hanseníase”, escreve, num texto enviado à Agência ECCLESIA.

O colaborador do Papa adverte que, apesar dos recursos existentes, a incidência global da doença “permanece alta”, uma situação que se agravou devido “à menor deteção e notificação durante a pandemia”.

“A realidade desencorajadora do estigma continua a ser um obstáculo notável à saúde total e à cura”, adverte o cardeal Czerny.

A Organização Mundial da Saúde estima que 3 a 4 milhões de pessoas vivam com deficiências ou deformações visíveis devido à hanseníase.

O tema do Dia Mundial deste ano é “Unidos na Dignidade”, propondo que “todos os que sofrem de hanseníase tenham direito a uma vida digna, livre de estigma e discriminação relacionados com a doença”.

“No nosso cuidado com os leprosos, nunca devemos deixar que o estigma e a discriminação nos dividam. É a nossa dignidade humana comum que nos une”, destaca o Dicastério para o Serviço da Promoção Humana Integral.

A data é assinalada pela Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau (APARF), que recorda os “mais de 200 mil novos casos no mundo, todos os anos”.

O Dia Mundial dos Doentes de Lepra foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1954, a pedido de Raoul Follereau, e tem como objetivo “alertar a população mundial para as condições de sofrimento e de miséria em que vivem muitos milhões de pessoas atingidas pela doença”.

Alice Cruz, relatora especial das Nações Unidas para a eliminação da discriminação contra as pessoas afetadas pela lepra e seus familiares, disse à Lusa que muitos doentes com lepra reviveram com a Covid-19 o que passaram quando foram diagnosticadas, do isolamento à discriminação.

“A experiência, a história da lepra, e a experiência das pessoas afetadas pela lepra deveriam ajudar a compreender os perigos e as dificuldades que a pandemia trouxe”, disse a responsável portuguesa.

OC

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Agência ECCLESIA

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