Vaticano: Papa assinala terceiro aniversário da guerra na Ucrânia, falando em «efeméride vergonhosa» para a humanidade

Mensagem enviada desde o Hospital Gemelli evoca vítimas dos conflitos em vários pontos do planeta

Foto: Lusa/EPA

Roma, 23 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje o terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, que se assinala esta segunda-feira, falando numa “efeméride vergonhosa” para a humanidade.

“Amanhã [24 de fevereiro] marca o terceiro aniversário da guerra em larga escala contra a Ucrânia: uma efeméride dolorosa e vergonhosa para toda a humanidade”, escreve Francisco, desde o Hospital Gemelli, onde se encontra internado há dez dias, devido a problemas respiratórios, encontrando-se atualmente com prognóstico reservado.

“Ao renovar a minha proximidade ao martirizado povo ucraniano, convido-vos a recordar as vítimas de todos os conflitos armados e a rezar pelo dom da paz na Palestina, em Israel e em todo o Médio Oriente, em Myanmar, no Kivu [RD Congo] e no Sudão”, acrescentou, na reflexão para a oração dominical do ângelus, publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.

A 19 de novembro de 2024, nos mil dias da guerra na Ucrânia, Francisco reafirmou que “a guerra é sempre uma derrota”, apelando a uma “paz justa e duradoura”.

“Peço mais uma vez que se ponha fim à loucura da violência e de um comprometimento por uma paz justa e duradoura”, apelou.

Desde o início da guerra, o Papa refere-se à Ucrânia como “martirizada”, tendo promovido encontros entre a diplomacia da Santa Sé, Kiev e Moscovo, que permitiram trocas de prisioneiros e o regresso de crianças ucranianas ao seu país.

Na sua primeira autobiografia, que chegou às bancas em janeiro deste ano, Francisco manifestava a sua disponibilidade para mediar a guerra na Ucrânia.

“Estava e continuo à disposição, como um operário, disposto a fazer tudo o que servir o objetivo da paz; também por isso, única entre todas, a representação diplomática do Vaticano nunca deixou a sua sede na capital ucraniana, nem durante os mais brutais bombardeamentos. O povo ucraniano não é apenas um povo invadido, é um povo mártir”, pode ler-se na obra intitulada ‘Spera’ (Esperança) na qual Jorge Mario Bergoglio recorda a sua vida desde a infância em Buenos Aires ao atual pontificado.

Francisco defende a intervenção da comunidade internacional para “identificar caminhos para o diálogo, as negociações, a mediação”, procurando travar o conflito que se intensificou com a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.

“Os interesses imperiais, de todos os impérios, não podem, uma vez mais, ser postos à frente das vidas de centenas de milhares de pessoas”, advertiu.

OC

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