Francisco tem limitado atividades, após constipação e medidas restritivas assumidas pela Santa Sé
Cidade do Vaticano, 12 mar 2020 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinala hoje o sétimo aniversário da sua eleição pontifícia num momento de maior distanciamento das multidões, por força das medidas preventivas ligadas à prevenção e combate à pandemia do Covid-19.
O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco; é também o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja.
Após uma constipação que levou ao cancelamento da agenda do Papa desde o dia 27 de fevereiro, o agravamento da situação na Itália, por causa do aumento de casos confirmados de contágio pelo novo coronavírus, provocou o afastamento forçado de Francisco das pessoas, presidindo ao ângelus, à Missa matina e à audiência pública em privado, com transmissão através da internet.
O portal ‘Vatican News’ refere o Papa tem passado estes dias de “medidas extraordinárias” a rezar “pelos que sofrem, sem distinções”, tanto pelas populações contagiadas pelo coronavírus como pelas que sofrem com a guerra, em particular na Síria.
A diminuição da atividade do pontífice contrasta com o que aconteceu em 2019, ano em que Francisco bateu o recorde de viagens internacionais, num total de sete visitas, que o levaram a 11 países, além de ter convocado uma cimeira mundial dedicado à prevenção de abusos sexuais e um Sínodo especial para a Amazónia.
O primeiro Papa sul-americano tem multiplicado, desde a sua eleição, gestos simbólicos como as viagens a Lampedusa e Lesbos, a abertura da Porta Santa do Jubileu da Misericórdia em Bangui (República Centro-Africana), as passagens por prisões, campos de barracas ou de refugiados, a Missa junto à fronteira México-EUA ou a primeira viagem de um pontífice à Península Arábica.
Francisco tem centrado a sua intervenção na atenção e a proximidade aos pobres, a promoção da paz e a defesa do meio ambiente; aos católicos, tem pedido “revolução da ternura”, na certeza de que a divisão não supera qualquer dificuldade.
O atual pontificado foi retratado num filme de Wim Wenders, ‘Pope Francis – A Man of His Word’, no qual se resumem os “principais desafios globais de hoje” a que Francisco quer ajudar a responder: a morte, a justiça social, a imigração, a ecologia, as desigualdades, o materialismo ou o papel da família.
A obra apresenta Papa nalgumas das viagens internacionais, incluindo a passagem pelo Santuário de Fátima, em 2017, onde canonizou os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto; Portugal espera um regresso de Francisco, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2022, que se vai realizar em Lisboa.
O Papa tem proposto uma mudança do paradigma económico e financeiro internacional, como tinha deixado bem vincado na exortação ‘Evangelii Gaudium’ ou no seu discurso em Estrasburgo, perante o Parlamento Europeu, em defesa da democracia face ao poder dos mercados.
Com a encíclica ‘Laudato si’, de 2015, Francisco abriu as fronteiras do seu discurso e colocou a Igreja Católica na liderança do movimento mundial para a defesa do ambiente, congregando à sua volta apoios das mais diversas proveniências.
O Papa tem estado próximo dos mais pobres e excluídos, na defesa de uma globalização mais plural, que respeite a identidade de todos e os excluídos, ao mesmo tempo que defende uma ‘refundação da Europa’, particularmente necessária perante as crises de refugiados e do terrorismo internacional.
Francisco tem repetido mensagens em favor da paz nas várias regiões do mundo afetadas por conflitos, assumindo a defesa dos cristãos no Médio Oriente e criticando quem justifica ataques terroristas com as suas convicções religiosas.
Internamente, a reforma da Cúria Romana, com a ajuda de um Conselho de Cardeais dos cinco continentes, já levou à criação de dois dicastérios (Leigos, a Família e a Vida; para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral) e de novas medidas para a administração económico-financeira da Santa Sé e do Estado do Vaticano.
OC
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936; filho de emigrantes italianos, trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus, licenciando-se em filosofia e teologia.
Ordenado padre a 13 de dezembro de 1969, foi responsável pela formação dos novos jesuítas e depois provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979). João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e foi ordenado bispo a 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da diocese a 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Antonio Quarracino. O primaz da Argentina seria criado cardeal pelo Papa polaco a 21 de fevereiro de 2001, ano no qual foi relator da 10ª assembleia do Sínodo dos Bispos. Tem como lema ‘Miserando atque eligendo’, frase que evoca uma passagem do Evangelho segundo São Mateus: “Olhou-o com misericórdia e escolheu-o”. |