Vaticano: Papa anuncia viagem a África em novembro

Francisco vai visitar República Centro-Africana e Uganda, esperando ainda passar pelo Quénia

Roma, 12 jun 2015 (Ecclesia) – O Papa anunciou hoje em Roma que vai realizar em novembro deste ano a sua primeira visita a África, com passagens por República Centro-Africana e Uganda, naquela que será a 10ª viagem internacional do pontificado.

“Se Deus quiser, estarei em África no mês de novembro, primeiro na República Centro-Africana e depois no Uganda. Ainda é uma possibilidade, mas não é certo, porque há problemas para a organização, o Quénia”, revelou, durante um encontro com mais de mil padres na Basílica de São João de Latrão, em Roma.

O Papa sublinhou a importância da ação da Igreja Católica neste continente, em particular nas escolas e hospitais, e criticou a exploração dos recursos naturais africanos por parte das potências mundiais, sustentando que as respostas de emergência não chegam.

“A Europa tem de investir em África, para que haja indústria, trabalho, e as pessoas não tenham de vir para cá”, precisou.

Neste contexto, aludiu a problemas de “instabilidade política” em vários países, dando como exemplo Moçambique.

Perante os participantes no 3.º retiro mundial de sacerdotes, promovido pelo Renovamento Carismático Católica Internacional e a Fraternidade Católica, o Papa pediu aos bispos que estejam “perto” dos padres, mesmo quando discordam, sem cultivar uma “distância principesca”.

Nesse sentido, desafiou-os a falar cara a cara, “como homens”, antes de lembrar que “o que salvou a Igreja primitiva da divisão foi a coragem de Paulo de dizer as coisas na cara”.

Francisco saudou ainda as mulheres presentes, “que não são sacerdotes”, elogiando o “génio feminino” que acompanha a vida eclesial desde o início.

“Perante certas exigências feministas, não se esqueçam de que Maria é muito mais importante do que os apóstolos”, observou.

No dia da festa litúrgica do Coração de Jesus, o Papa pediu que os sacerdotes sejam “transformados pelo amor” e saibam cantar ao Senhor quando têm problemas ou se “apaixonaram”, para deixar que “as lágrimas corram”.

“Nos piores momentos, quando estiverem zangados ou tiverem sido infiéis ao Senhor, não tenham medo, aproximem-se do sacrário”, apelou.

A longa intervenção, com cerca de duas horas, deixou alertas contra a “funcionalização” dos sacerdotes ou os padres “apegados à lei”, que depois “tratam mal” as pessoas.

Francisco reforçou as suas preocupações com a importância das homilias, propondo uma “linguagem positiva e não tanto proibitiva”.

“Por favor, tenham piedade do povo fiel de Deus”, gracejou.

O Papa defendeu necessidade de não recusar o Batismo a recém-nascidos que sejam filhos de mães solteiras ou de pais que voltaram a casar, insistindo que “os burocratas apegados à lei” desfiguram a “Igreja que é mãe, sempre”.

“Misericórdia nas confissões, misericórdia”, acrescentou, citando a expressão latina ‘ad impossibilia nemo tenetur’ (ninguém está obrigado a fazer o impossível).

No final da sua intervenção improvisada, o Papa respondeu a algumas perguntas dos participantes, que convidou a “deixar que o Espírito provoque a curiosidade” sobre as atitudes de testemunho que os cristãos tomam, a “linguagem dos gestos”, recusando o “discurso moralista”.

Em resposta a um padre latino-americano, Francisco disse que a Igreja tem de “pregar o Evangelho” e estar com os pobres, sem fazer qualquer ideologia que promova “luta de classes”.

O Papa falou depois da Ásia como a “maior promessa” da Igreja Católica, uma “reserva espiritual”.

Após o encontro, o Papa presidiu à Missa naquela que é a catedral da Diocese de Roma.

OC

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Agência ECCLESIA

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