Vaticano: Papa alerta para religião «distante, feita de proibições e deveres»

Reflexão sobre parábola do «filho pródigo» destaca importância de ver o outro como um irmão

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 27 mar 2022 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje no Vaticano para uma religião” distante, feita de proibições e deveres”, que afasta da relação com o próximo, num comentário à chamada parábola do “filho pródigo”.

“O filho mais velho, na relação com o pai, baseia tudo na pura observância dos mandamentos, no sentido do dever. Também pode ser o nosso problema, connosco e com Deus: perder de vista o Pai e viver uma religião distante, feita de proibições e deveres”, advertiu, perante os cerca de 30 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a recitação da oração do ângelus.

“A consequência dessa distância é a rigidez em relação ao próximo, que já não se vê como irmão”, acrescentou Francisco.

Partindo da passagem do Evangelho de São Lucas, lida este domingo nas igrejas de todo o mundo (cf. Lc 15, 11-32), o Papa destacou que Deus “perdoa sempre com compaixão e ternura”.

“Deus é Pai, que não só acolhe de volta, mas se alegra e celebra o seu filho, que voltou para casa depois de ter desperdiçado todos os seus bens. Nós somos esse filho, e é comovente pensar no quanto o Pai nos ama e espera sempre”, prosseguiu.

A reflexão abordou outra das personagens do relato evangélico, o filho mais velho, “que entra em crise diante desse pai”.

“Dentro de nós há também esse filho e, pelo menos em parte, somos tentados a concordar com ele: ele sempre cumpriu o seu dever, não saiu de casa, por isso se indigna ao ver o pai abraçar o irmão que se portou mal”, detalhou.

Francisco realçou que, para Deus, “cada filho é toda a sua vida”.

“Os pais sabem bem disso, estão muito perto do sentimento de Deus”, observou.

O Papa convidou a celebrar o perdão, “fazer festa e alegar-se”, como o pai da parábola, sabendo estar próximo de “quem se arrepende ou está a caminho”.

“Aqueles que cometeram um erro sentem-se, muitas vezes, repreendidos pelo seu próprio coração; distância, indiferença e palavras pungentes não ajudam”, indicou.

“Quanto bem pode fazer um coração aberto, uma escuta verdadeira, um sorriso transparente; fazer festa, não fazer sentir desconforto”, prosseguiu.

Francisco afirmou que “Deus não sabe perdoar sem fazer festa”.

“Quem tem o coração sintonizado com Deus, alegra-se ao ver o arrependimento de uma pessoa, por mais graves que tenham sido os seus erros”, concluiu.

OC

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Agência ECCLESIA

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