Francisco denuncia ataques contra populações e destruição de infraestruturas
Cidade do Vaticano, 18 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, no Vaticano, para uma nova onda de violência na província moçambicana de Cabo Delgado.
“A violência contra populações indefesas, a destruição de infraestruturas e a insegurança estão novamente desenfreadas na província de Cabo Delgado”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
“Rezemos para que a paz regresse a essa região martirizada”, acrescentou, falando a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Francisco referiu que, na última semana, foi “incendiada a missão católica de Nossa Senhora da África, em Mazeze”.
“Por favor, não esqueçamos tantos outros conflitos que ensanguentam o continente africano e muitas partes do mundo, na Europa, na Palestina, na Ucrânia”, pediu aos presentes.
“Rezemos sem cessar, porque a oração é eficaz e peçamos ao Senhor o dom de mentes e de corações que se dedicam, concretamente, à paz”, insistiu.
Não esqueçamos que a guerra é sempre uma derrota, sempre. Onde quer que haja combates, as populações estão esgotadas, cansadas da guerra que, como sempre, é inútil e inconclusiva, traz apenas morte e destruição, nunca trará a solução do problema”
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica em Portugal, alertou na última semana para a “tragédia” que se vive em Cabo Delgado, norte de Moçambique, denunciando o aumento de ataques terroristas na região.
“Chegaram-nos recentemente notícias de que a situação não melhorou (apenas se deixou de falar dela): intensificaram-se os ataques terroristas a várias aldeias, com destruição de casas, igrejas e mesquitas e o número (superior a um milhão) de pessoas forçadas a deixar as suas terras não para de aumentar”, refere uma nota da CNJP, enviada à Agência ECCLESIA.
A província de Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021.
Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o conflito já fez cerca de 4 mil mortes e um milhão de deslocados.
Em entrevista à ECCLESIA e Renascença, publicada hoje, o arcebispo de Braga alertou para a situação em Cabo Delgado, à luz do acordo de cooperação da arquidiocese portuguesa com a Diocese de Pemba, indicando que o sofrimento da população “não pode cair de modo algum no esquecimento”.
D. José Cordeiro entende que a comunidade internacional “tem sido indiferente, tem assobiado para o lado, não quer saber, porque há muitos interesses em jogo”.
“Vive-se este momento de um novo temor na insegurança, que parece que volta a aproximar-se por esses grupos fundamentalistas e mais radicais, que não têm nenhum sentido de humanidade”, alerta.
OC
Após a recitação do ângelus, o Papa recordou que se passaram 10 meses desde o início do conflito armado no Sudão, que provocou uma “gravíssima situação humanitária”.
“Peço de novo às partes beligerantes que travem esta guerra, que faz tanto mal às pessoas e ao futuro do país”, apelou. Segundo a ONU, mais de 25 milhões de pessoas, incluindo 14 milhões de crianças, enfrentam uma crise humana no Sudão, devido ao conflito entre as forças armadas e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF). A violência provocou, ainda, mais de 9 milhões de deslocados. “Rezemos para que se encontrem, quanto antes, caminhos de paz para construir o futuro do querido Sudão”, pediu Francisco. |