Vaticano: Papa alerta para «mito da eficiência» que afeta Igreja e sociedade

Francisco presidiu à Missa do 28.º Dia Mundial da Vida Consagrada

Cidade do Vaticano, 02 fev 2024 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa, por ocasião do 28.º Dia Mundial da Vida Consagrada, alertando para o “mito da eficiência” que afeta a Igreja e a sociedade.

“A vida cristã e a missão apostólica precisam que a espera, amadurecida na oração e na fidelidade diária, nos liberte do mito da eficiência, da obsessão do lucro e, sobretudo, da pretensão de encerrar Deus nas nossas categorias, porque Ele vem sempre de modo imprevisível, em tempos que não são os nossos e sob formas diferentes das que esperávamos”, referiu, durante a homilia da celebração a que presidiu na Basílica de São Pedro.

Na festa litúrgica da Apresentação de Jesus, Francisco convidou os participantes a esperar Deus sem ceder ao “derrotismo”.

“A pior coisa que nos pode acontecer é deixar-nos cair no ‘sono do espírito’: adormecer o coração, anestesiar a alma, arquivar a esperança nos cantos obscuros das desilusões e resignações”, advertiu.

Ainda somos capazes de viver a expectativa? Não ficaremos, às vezes demasiado, ocupados connosco próprios, com as coisas e os ritmos intensos de cada dia, a ponto de nos esquecermos de Deus, que vem sempre? Porventura não estaremos demasiado enleados com as nossas obras de bem-fazer, arriscando-nos a reduzir a própria vida consagrada e cristã às muitas coisas a fazer, negligenciando a busca diária do Senhor?”.

O Papa apontou dois “obstáculos” à capacidade de esperar por Deus, a começar pela “negligência da vida interior”.

“Acontece quando o cansaço prevalece sobre o espanto, quando o hábito ocupa o lugar do entusiasmo, quando perdemos a perseverança no caminho espiritual, quando as experiências negativas, os conflitos ou a demora no aparecimento dos frutos nos transformam em pessoas amargas e amarguradas”, referiu.

Francisco identificou como segundo obstáculo é a “adaptação ao estilo do mundo, que acaba por ocupar o lugar do Evangelho”.

“É um mundo que frequentemente corre a grande velocidade, que exalta o tudo e já, que se consome no ativismo e procura exorcizar os medos e as angústias da vida nos templos pagãos do consumismo ou da diversão a todo o custo”, observou.

O Papa indicou que, na vida religiosa e das comunidades cristãs, é difícil opor-se à “força do velho”.

“Irmãs, irmãos, cultivemos na oração a espera do Senhor e aprendamos a passividade boa do Espírito: assim seremos capazes de nos abrir à novidade de Deus”, concluiu.

Como tem acontecido noutras cerimónias eucarísticas, devido aos problemas que afetam o Papa num joelho, a celebração no altar foi confiada a um cardeal, neste caso a D. João Braz de Aviz, Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica

A Igreja celebra hoje, 40 dias depois do Natal, a apresentação de Jesus no templo, por Jesus e Maria; antes da Missa, decorreu a procissão das velas, acesas em honra de Cristo.

OC

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Agência ECCLESIA

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