Francisco discursa nos Estados Gerais da Natalidade, perante autoridades italianas
Roma, 12 mai 2023 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje em Roma para o inverno demográfico na Europa, afirmando que a quebra do número de filhos é um sinal de crise de esperança.
“O nascimento dos filhos é o principal indicador para medir a esperança de um povo. Se nascem poucos, significa que há pouca esperança. E isto não só tem repercussões do ponto de vista económico e social, mas prejudica a confiança no futuro”, referiu, no encerramento dos Estados Gerais da Natalidade, perante autoridades políticas da Itália e representantes da sociedade civil.
O encontro, na sua 3ª edição, decorreu no Auditório da Conciliação, junto do Vaticano, na capital italiana, sendo organizado pelo Fórum das Associações Familiares.
Junto da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, Francisco destacou que o país atingiu em 2022 um mínimo histórico de nascimento, 393 mil bebés.
“Hoje, colocar filhos no mundo é visto como uma tarefa a ser assumida pela família. Isso, infelizmente, condiciona a mentalidade das novas gerações, que crescem na incerteza, quando não na desilusão e no medo”, observou o Papa.
A intervenção lamentou um “clima social” em que constituir família se transformou num “esforço titânico, ao invés de um valor partilhado que todos reconhecem e apoiam”.
Talvez nunca como neste tempo, entre guerras, pandemias, deslocações em massa e crises climáticas, o futuro pareceu tão incerto. Tudo passa rápido e até as certezas adquiridas passam depressa”.
Francisco apontou ao “sentimento de precariedade” que marca a vida das novas gerações, do trabalho à habitação, sustentando que “o mercado livre, sem as indispensáveis medidas corretivas, se torna selvagem e produz situações e desigualdades cada vez mais graves”.
O discurso elencou, em particular, as dificuldades que se colocam às mulheres, “muitas vezes obrigadas a escolher entre carreira e maternidade, ou esmagadas pelo peso de cuidar das suas famílias, principalmente na presença de idosos frágeis e pessoas não autónomas”.
O Papa pediu aos responsáveis políticos que assumam medidas viradas para o futuro.
“É preciso preparar um terreno fértil para florescer uma nova primavera e deixar este inverno demográfico para trás. (…) É necessário mudar a mentalidade: a família não é parte do problema, mas parte da solução”, defendeu.
OC