Vaticano: Papa critica exploração e novas formas de «colonialismo» na África

Francisco evoca exemplo de São Daniel Comboni, pedindo aposta no combate à pobreza

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 20 set 2023 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, no Vaticano, para a exploração e as novas formas de “colonialismo” na África, pedindo uma aposta no combate à pobreza e à “exclusão” das suas populações.

“Na África tão amada por Comboni, hoje dilacerada por muitos conflitos, depois do político, desencadeou-se um colonialismo económico igualmente escravizador. É um drama diante do qual o mundo economicamente mais avançado muitas vezes fecha os olhos, os ouvidos e a boca. Por isso, renovo o meu apelo: basta de sufocar a África, não é uma mina a ser explorada ou um solo a ser saqueado”, declarou, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

A intervenção centrou-se no testemunho de São Daniel Comboni (1831-1881), missionário em África e fundador dos Combonianos, que foi canonizado pelo Papa João Paulo II em outubro de 2003.

Francisco sublinhou a necessidade de construir “um mundo mais fraterno, que se preocupe com o desenvolvimento integral de cada pessoa” e combata “todas as formas de escravatura”.

“O sonho de Comboni é uma Igreja que faça sua causa comum os crucificados da história, para experimentar com eles a ressurreição”, observou.

Pensem nos crucificados da história de hoje: homens, mulheres, crianças, idosos, todos os que são crucificados por histórias de injustiça e dominação. Vamos pensar neles e rezemos”.

O Papa referiu que, para Daniel Comboni, todos devem ser “protagonistas da ação evangelizadora”.

“Com este espírito pensou e agiu de forma integral, envolvendo o clero local e promovendo o serviço laical dos catequistas, que são um tesouro da Igreja”, indicou.

O trabalho do missionário italiano do século XIX, acrescentou, promoveu o desenvolvimento humano, “cuidando das artes e das profissões, promovendo o papel da família e da mulher na transformação da cultura e da sociedade”.

“Quão importante é, ainda hoje, fazer progredir a fé e o desenvolvimento humano a partir dos contextos de missão, em vez de transplantar modelos externos ou limitar-se a um estéril assistencialismo”, acrescentou o Papa.

Francisco desafiou todos os presentes a dedicar atenção particular aos mais desfavorecidos.

“Antes de vir para cá, tive uma reunião com legisladores brasileiros que trabalham para os pobres, que tentam promover os pobres com assistência e justiça social. E eles não se esquecem dos pobres: eles trabalham para os pobres”, relatou.

O grupo esteve no Vaticano para entregar ao Papa o Prémio Zilda Arns, reconhecimento para pessoas e instituições que contribuem ativamente na defesa dos direitos das pessoas idosas.

“O Senhor Jesus confiou-nos o Evangelho, para que levemos a sua luz às trevas do mundo. Por favor, não apaguem esta luz em vocês, mas partilhem-na para que brilhe a fraternidade”, afirmou Francisco, na sua saudação aos peregrinos de língua portuguesa.

No final da audiência, o Papa evocou a memória litúrgica de Santo André Kim, Paulo Chong e os seus companheiros, mártires coreanos.

“Que o seu exemplo heroico seja, para todos vós, fonte de apoio ao tomar decisões delicadas e vos sirva de conforto nos momentos difíceis”, desejou.

No último sábado, uma estátua de Santo André Kim Taegon, primeiro sacerdote e mártir da Coreia, foi colocada num nicho da Basílica de São Pedro, assinalando o 200.º aniversário do seu nascimento.

OC

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Agência ECCLESIA

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