Vaticano: Papa alerta para «cultura da autossuficiência e do individualismo» que alimenta a tristeza

Reflexão para audiência semanal foi publicada por escrito

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 09 abr 2025 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, num texto publicado pelo Vaticano, para o impacto da “cultura da autossuficiência e do individualismo”, que alimenta a tristeza, na sociedade contemporânea.

“Hoje, precisamente porque vivemos numa cultura da autossuficiência e do individualismo, descobrimo-nos mais infelizes, porque já não ouvimos pronunciar o nosso nome por alguém que nos quer bem gratuitamente”, refere a reflexão preparada por Francisco, para a tradicional audiência pública semanal, que se encontra suspensa, devido aos seus problemas de saúde.

No texto, divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé e enviado aos jornalistas, o Papa prossegue o ciclo de reflexões sobre os “encontros de Jesus” narrados pelos Evangelhos, abordando o relato de São Marcos, que fala de “um homem”, sem o nomear, que vai ao encontro de Cristo, em busca do “sentido” da vida”.

“Este homem não acolhe o convite de Jesus e fica sozinho, porque os lastros da sua vida o retêm no porto. A tristeza é o sinal de que não conseguiu partir”, refere o texto.

Por vezes pensamos que são riquezas e, no entanto, são apenas pesos que nos estão a bloquear. A esperança é que esta pessoa, como cada um de nós, mais cedo ou mais tarde possa mudar e decidir fazer-se ao largo”.

O Papa regressou à Casa de Santa Marta no dia 23 de março, após o maior internamento do atual pontificado, iniciado a 14 de fevereiro, no Hospital Gemelli, na sequência de uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, que se agravou para uma pneumonia bilateral.

Pela oitava semana consecutiva, o Vaticano vai distribuir apenas por escrito a reflexão para a audiência geral das quartas-feiras.

“Somos verdadeiramente felizes quando nos damos conta de que somos amados assim, gratuitamente, pela graça. E isto vale também nas relações entre nós: enquanto procurarmos comprar o amor ou mendigar o afeto, essas relações nunca nos farão sentir felizes”, escreveu Francisco.

Irmãs e irmãos, confiemos ao Coração de Jesus todas as pessoas tristes e indecisas, para que possam sentir o olhar de amor do Senhor, que se comove olhando com ternura para dentro de nós”.

O Papa prossegue a sua convalescença em condição “estável”, no segundo andar da Casa de Santa Marta, onde reside.

OC

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