Vaticano: Papa alerta contra «abuso do nome de Deus», que leva ao fundamentalismo religioso e extremismo

Leão XVI convida ao diálogo inter-religioso, procurando respostas comuns a desafios como o desenvolvimento da inteligência artificial

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 29 out 2025 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, no Vaticano, para o “abuso do nome de Deus”, que leva ao fundamentalismo religioso e extremismo, assinalando evocando os 60 anos da declaração ‘Nostra aetate’, do Concílio Vaticano II.

“Juntos, devemos estar vigilantes contra o abuso do nome de Deus, da religião e do próprio diálogo, bem como contra os perigos representados pelo fundamentalismo religioso e pelo extremismo”, disse, na audiência geral, que reuniu responsáveis de várias confissões para assinalar o aniversário do documento conciliar, dedicado à relação da Igreja Católica com as outras religiões.

Leão XIV destacou que, 60 anos depois, é necessário agir em conjunto, para responder aos desafios do mundo contemporâneo.

“Mais do que nunca, o nosso mundo precisa da nossa unidade, da nossa amizade e da nossa colaboração. Cada uma das nossas religiões pode contribuir para aliviar o sofrimento humano e cuidar da nossa casa comum, o nosso planeta Terra”, indicou, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

As nossas respetivas tradições ensinam a verdade, a compaixão, a reconciliação, a justiça e a paz. Devemos reafirmar o nosso serviço à humanidade em todos os momentos”.

A intervenção do Papa, um dia após as celebrações oficiais do 60.º aniversário da ‘Nostra Aetate’, no Vaticano, convidou os responsáveis religiosos a “abordar o desenvolvimento responsável da inteligência artificial”.

“Se for concebida como uma alternativa ao humano, pode violar gravemente a sua infinita dignidade e neutralizar as suas responsabilidades fundamentais. As nossas tradições têm um imenso contributo a dar para a humanização da técnica e, por conseguinte, para inspirar a sua regulamentação, para proteger os direitos humanos fundamentais”, sustentou.

Leão XIV afirmou que “a paz começa no coração dos homens”, sendo esta uma esperança fundamentada na fé de cada pessoa e na convicção de que “um mundo novo é possível”.

“Há 60 anos, a ‘Nostra Aetate’ trouxe esperança ao mundo do pós-II Guerra Mundial. Hoje, somos chamados a restabelecer essa esperança no nosso mundo devastado pela guerra e no nosso ambiente natural degradado. Trabalhemos juntos, porque se estivermos unidos, tudo é possível. Garantamos que nada nos divide”, apelou.

O encontro terminou com um momento de silêncio.

“Aoração tem o poder de transformar as nossas atitudes, os nossos pensamentos, as nossas palavras e as nossas ações”, concluiu o pontífice.

Após a reflexão, o Papa dirigiu uma saudação especial aos vários grupos presentes, incluindo os peregrinos de língua portuguesa: “Queridos irmãos e irmãs, cada cristão é chamado a participar do esforço pela unidade, levando a esperança ao coração da sociedade. Nunca nos esqueçamos de que o verdadeiro relacionamento com o Senhor conduz sempre à paz e à concórdia”.

Leão XIV recordou ainda que, nos próximos dias, a liturgia católica comemora os fiéis defuntos.

“A oração pelos nossos entes queridos lembra-nos que a nossa pátria está nos céus. Que os esforços para obter os bens temporais, necessários na vida terrena, brotem sempre do amor e da fidelidade à verdade do Evangelho, que não passam porque têm a sua fonte no próprio Deus”, apelou.

OC

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