Francisco publica mensagem para o 94.º Dia Mundial das Missões, na solenidade de Pentecostes
Cidade do Vaticano, 31 mai 2020 (Ecclesia) – O Papa publicou hoje a sua mensagem para o 94.º Dia Mundial das Missões, na qual assume que a pandemia de Covid-19 deve ser um “desafio também para a missão da Igreja”.
“Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida”, escreve Francisco, num texto divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Num tempo de distanciamento físico e confinamento, refere o pontífice, todos são convidados a redescobrir as “relações sociais e também da relação comunitária com Deus”.
“Longe de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação”, sustenta.
A mensagem sublinha ainda o impacto da suspensão das celebrações comunitárias, que levou a pensar nas “muitas comunidades cristãs que não podem celebrar a Missa todos os domingos”.
Num texto com o título ‘Eis-me aqui, envia-me’, passagem do livro bíblico do profeta Isaías (Is 6, 8), Francisco evoca as “tribulações e desafios causados pela pandemia de Covid-19,
O texto recorda a intervenção da bênção especial ‘Urbi et Orbi’ de 27 de março, numa Praça de São Pedro deserta: “Neste barco, estamos todos”.
“Estamos verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos. O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de libertação do mal”, escreve agora.
Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha, serviço, intercessão. A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si”.
Francisco repete o desejo de ver uma “Igreja em saída”, em que cada católico viva a vida como um “dom de si mesmo”.
A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e lugar”, aponta.
Na solenidade de Pentecostes, em que a Igreja evoca a efusão do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Papa convidou a uma “relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja”.
“Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias?”, questiona.
A celebração do Dia Mundial das Missões acontece anualmente no terceiro domingo de outubro (18 de outubro, em 2020); os donativos recolhidos nas Missas destinam-se a apoiar o trabalho das Obras Missionárias Pontifícias.
OC