«Sede das lágrimas» foi tema de meditação no retiro de Quaresma do Papa
Ariccia, Itália, 21 fev 2018 (Ecclesia) – O padre e poeta português José Tolentino Mendonça apresentou hoje ao Papa e aos seus colaboradores na Cúria Romana uma reflexão sobre lugar das mulheres no Evangelho, sublinhando em particular as suas “lágrimas” e gestos de amor.
“Com esta linguagem, evangelizam da mesma forma que os periféricos, os simples, os últimos”, assinalou o sacerdote, na sexta meditação do retiro de Quaresma que orienta na localidade italiana de Ariccia, arredores de Roma.
Falando sobre a “sede das lágrimas”, o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa destacou que estas podem fazer os cristãos mais “santos” e “humanos”.
“As lágrimas suplicam a presença de um amigo capaz de acolher a nossa intimidade, sem palavras, e abraçar a nossa vida, sem julgar”, assinalou Tolentino Mendonça.
Antes, na sua quinta meditação, o sacerdote madeirense tinha falado na “sede de Jesus”, partindo de um trecho do Evangelho segundo São João em que João em que Jesus, após ter sido pregado na cruz, diz: “Tenho sede”.
“A sede física documentava de forma convincente que Jesus era de carne e osso como qualquer pessoa”, mas tinha sede “da salvação dos homens”, declarou o pregador dos exercícios espirituais de Quaresma do Papa.
O consultor do Conselho Pontifício da Cultura explicou que a sede da qual Jesus fala é uma sede existencial.
“Ter sede, é ter sede dele. Somos chamados a viver de uma centralidade cristológica: sair de nós mesmos para buscar em Cristo a água que sacia a nossa sede, vencendo a tentação da autorreferencialidade que nos deixa doentes e tiraniza”, precisou.
A esse propósito, o sacerdote português evocou Santa Teresa de Calcutá, que em setembro de 1946, a bordo de um comboio, na Índia, viveu uma forte experiência espiritual: “De forma quase física sentiu a sede de Jesus que a chamava a dar a vida a serviço da sede dos pobres e rejeitados, dos últimos dos últimos”.
O retiro de Quaresma, iniciativa anual de reflexão e oração, prossegue até sexta-feira; durante este período, a agenda papal não tem qualquer compromisso público.
OC