Vaticano: «Príncipe da Paz ainda é rejeitado pela lógica perdedora da guerra» – Papa Francisco

Missa da Noite de Natal alertou para o risco de uma «ideia pagã de Deus»

Cidade do Vaticano, 24 dez 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje na Missa da Noite de Natal para o risco de uma “ideia pagã de Deus” e disse que a guerra é a rejeição do Príncipe da paz.

“O Príncipe da Paz ainda é rejeitado pela lógica perdedora da guerra, com o estrondo das armas que ainda hoje O impede de encontrar alojamento no mundo”, disse o Papa.

Francisco referiu-se ao mundo “que procura o poder e a força, a fama e a glória”, uma realidade que tudo valoriza em função dos resultados numa “obsessão da performance”, lembrando que essa não é a lógica n de Deus.

“Não é o deus da performance, mas o Deus da encarnação. Não subverte do alto as injustiças com a força, mas de baixo com o amor; não irrompe com um poder sem limites, mas desce até aos nossos limites; não evita as nossas fragilidades, mas adota-as”, afirmou.

Francisco alertou para o desejo de um deus feito ao “útil”, para resolver os problemas pessoais e “preservar dos males”, rejeitando a ideia de um “patrão poderoso”

“Há o risco de viver o Natal tendo na cabeça uma ideia pagã de Deus, como se fosse um patrão poderoso que está no céu; um deus que se alia com o poder, o sucesso mundano e a idolatria do consumismo”, alertou

Na homilia da Missa da Noite de Natal, o Papa lembrou também o contexto do nascimento de Jesus, o recenseamento para que o império tenha a noção da sua grandeza.

“Enquanto o imperador conta os habitantes do mundo, Deus entra nele quase às escondidas” disse o Papa para lembrar que não são os poderosos que se dão conta deste menino, mas “apenas alguns pastores, postos à margem da vida social”.

Na celebração da Noite de Natal, Francisco recordou que perante Deus, as pessoas não são “números, mas rostos” e disse que cada pessoa não deve viver dominado “pela pressão das exigências do mundo nem desanimados pelas nossas fragilidades”, mas que é necessário “deixar a iniciativa a Jesus”.

O Papa deixou também o convite a agir como os pastores que deixaram os seus rebanhos para “abraçar a ternura do Deus Menino”.

No início da celebração, dez crianças, representando diferentes continentes e culturas, levaram flores que depositaram junto à imagem do menino Jesus, ao mesmo tempo que se retirava o pano que ocultava a imagem do Menino na manjedoura, apresentando assim o nascimento que a liturgia assinala na noite de Natal.

HM/PR

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Agência ECCLESIA

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