Papa aborda questões ligadas às uniões homossexuais, migrações, guerra, abusos de menores e barrigas de aluguer
Cidade do Vaticano, 21 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa reafirmou, em entrevista ao canal norte-americano CBS, que quer uma Igreja aberta a “todos, todos, todos”, insistindo na expressão que usou durante a JMJ Lisboa 2023.
“O Evangelho é para todos”, declarou a Norah O’Donnell, diretora do ‘CBS Evening News’, numa conversa gravada na Casa Santa Marta, no Vaticano, a 24 de abril; parte da entrevista foi emitida este domingo no programa ‘60 Minutos’.
O Papa considera que “se a Igreja coloca uma alfândega à porta, ela deixa de ser a Igreja de Cristo”.
Questionado sobre a declaração ‘Fiducia Supplicans’, do Dicastério para a Doutrina da Fé, Francisco precisa que “a bênção é para todos”, pelo que se pode abençoar qualquer pessoa.
“O que eu permiti não foi abençoar a união”, indica, recordando que isso vai contra “a lei da Igreja”.
A conversa reforçou a condenação da prática das chamadas “barrigas de aluguer”, tendo o pontífice falado num “negócio”, algo que considera “muito negativo”, apresentando como alternativa a “adoção”.
Apontando à I Jornada Mundial da Criança, que vai decorrer entre sábado e domingo, o Papa lamenta que muitos menores sejam vítimas da guerra, como acontece atualmente em Gaza ou na Ucrânia, mostrando-se impressionado com as crianças que “se esqueceram de como sorrir”.
“Todos, parem. Parem a guerra. É preciso encontrar uma maneira de negociar a paz. Esforcem-se para alcançar a paz. Uma paz negociada é sempre melhor do que uma guerra infinita. Por favor, parem. Negociem”, apela aos responsáveis internacionais.
Francisco sublinha ainda que a crítica aos governos dos países em guerra nunca pode levar à condenação de todo um povo, rejeitando o antissemitismo.
O Papa lamenta, por outro lado, que muitos responsáveis “lavem as mãos” perante o sofrimento dos migrantes, criticando a “indiferença” de boa parte da sociedade.
“Não podemos ficar indiferentes a esses dramas humanos. A globalização da indiferença é uma doença muito má”, advertiu.
A entrevista, citada pelo portal Vatican News, abordou também a questão dos abusos sexuais na Igreja, um crime que “não pode ser tolerado”, segundo Francisco.
O Papa admitiu a necessidade de “fazer mais, assinalando que “infelizmente, a tragédia dos abusos é enorme”.
OC