«Deus é jovem» chega às livrarias a 20 de março
Cidade do Vaticano, 19 mar 2018 (Ecclesia) – O Papa denuncia no seu novo livro “Deus é jovem”, a lançar esta terça-feira em todo o mundo, a precariedade do trabalho juvenil e convidou as novas gerações a rejeitar a corrupção.
“Não podemos aceitar que os empregadores queiram dos jovens um trabalho precário e muitas vezes gratuito, como acontece”, alertou Francisco.
Passagens do livro foram divulgadas hoje por quatro jornais italianos, “Il Corriere della Sera”, “La Repubblica”, “La Stampa” e “Avvenire”.
“Não se pode aceitar a exploração, não se pode aceitar que muitos jovens sejam explorados pelos empregadores com falsas promessas, com pagamentos que nunca chegam, com a desculpa de que são jovens e estão à experiência”, assinala o pontífice.
O livro-entrevista do Papa Francisco resulta de uma conversa com Thomas Leoncini, jornalista e escritor de 33 anos.
“Os jovens não devem aceitar a corrupção como se fosse um pecado como os outros, nunca devem acostumar-se à corrupção, porque aquilo que deixamos passar em branco hoje, amanhã acontecerá de novo”, denuncia o Papa.
A publicação apresenta uma reflexão sobre o lugar das redes sociais e das novas tecnologias de comunicação, que “deixa os jovens no ar”.
A obra, publicada em Portugal pelo grupo Planeta, surge a poucos dias do Domingo de Ramos e Dia Mundial da Juventude, jornada que este ano é celebrada a nível diocesano, a 25 de março.
Francisco sublinha a dimensão profética dos jovens, a quem pede “capacidade, sim, de condenação, mas também de perspetiva”.
O pontífice deixa conselhos para entender as novas gerações e entrar no seu comprimento de onda.
“Se queremos dialogar com um jovem, devemos ser ‘móveis’, e então será ele a diminuir a velocidade para nos ouvir, será ele a decidir fazê-lo. E quando diminuir a velocidade, começará outro movimento: um movimento no qual o jovem começará a seguir o passo mais lentamente para ser ouvido, e os idosos acelerarão para encontrar o ponto de encontro”, recomenda.
Francisco lamenta que os jovens vivam numa sociedade sem raízes e desafia os mais velhos a pedir “perdão” porque nem sempre os levam “a sério”.
“Jovens e idosos devem conversar uns com os outros e devem fazer isso cada vez mais frequentemente: isso é muito urgente”, sustenta.
“Os jovens nos pedem para serem ouvidos e nós temos o dever de escutá-los e acolhê-los, não de explorá-los”, acrescenta o Papa.
A entrevista fala numa sociedade marcada pelo efémero, em que muitos querem fazer “lifting” ao coração e eliminar “as rugas de tantos encontros, de tantas alegrias e tristezas”.
“Não consigo entender como é possível que um adulto se sinta em competição com um jovem, mas, infelizmente, isso acontece cada vez mais”, adverte.
Dois anos depois de ‘O nome de Deus é misericórdia’, publicado em mais de 100 países, a publicação antecipa a próxima assembleia do Sínodo dos Bispos, que o Papa convocou para outubro, no Vaticano, dedicada à realidade dos jovens na Igreja e na sociedade.
Este encontro está a ser preparado, entre hoje e sábado, com uma reunião pré-sinodal que decorre em Roma, com mais de 300 participantes, incluindo três portugueses.
OC