Papa deixa apelo no meio de polémica com navio Aquarius
Cidade do Vaticano, 15 jun 2018 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje ao acolhimento dos que deixam a sua terra em busca de “pão e de justiça”, criticando quem os quer deixar “à mercê das ondas”, numa referência indireta à polémica com o navio Aquarius, impedido de atracar na Itália.
“Não se pode desconfiar ou deixar à mercê das ondas quem deixa a sua terra com fome de pão e de justiça”, declarou, numa audiência aos participantes no congresso da Federação Italiana dos Mestres do Trabalho, profissionais laureados pelo presidente da República da Itália.
O navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, partiu na terça-feira para Espanha, escoltado por duas embarcações da Marinha Italiana; no domingo, o navio foi proibido de atracar em Itália e, depois, em Malta.
Num discurso divulgado pelo Vaticano, Francisco alertou contra a “ilusão confortável de que, da rica mesa de alguns, pode chover automaticamente o bem-estar para todos”.
Os pobres, acrescentou o Papa, levam a “não viver do supérfluo” e a “gastar-se para a promoção de todos”, mostrando compaixão, em particular dos “mais fracos”.
O pontífice quis sublinhar que “uma sociedade que não se baseia no trabalho, que não o promove concretamente e que não se preocupa com os excluídos” se condenaria “à atrofia e à multiplicação das desigualdades”.
“Renovar o trabalho num sentido ético significa renovar toda a sociedade, banindo as fraudes e mentiras, que envenenam o mercado, a convivência civil e a vida das pessoas, especialmente dos mais fracos”, acrescentou.
OC