Vaticano: Missa na Basílica de São Pedro evoca atentado contra São João Paulo II

Papa polaco foi atingido a tiro, durante audiência geral, a 13 de maio de 1981

Cidade do Vaticano, 13 mai 2025 (Ecclesia) – O Vaticano promove hoje uma celebração eucarística no 44.º aniversário do atentado contra São João Paulo II, atingido a tiro, durante uma audiência geral, a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro.

A Missa na Basílica do Vaticano, pelas 18h00 locais (menos uma em Lisboa) vai ser presidida pelo cardeal Stanislaw Dziwisz, que há 44 anos estava ao lado do Papa polaco no momento em que este foi baleado.

Após a Eucaristia, na Cátedra de São Pedro, os participantes seguem em procissão até o túmulo de São João Paulo II.

Os tiros disparados por Ali Agca atingiram o Papa polaco pelas 17h17 de Roma (16h17 de Lisboa), tendo sido o pontífice transferido para o Hospital Gemelli, em Roma, onde foi operado.

Este acontecimento mudou a relação de João Paulo II com Fátima: a 13 de maio de 1982, veio à Cova da Iria reconhecer publicamente a sua convicção de que houve uma intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Logo na primeira audiência após o atentado, a 7 de outubro de 1981 – memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário – o santo polaco assumia esta convicção.

Poderia esquecer que o acontecimento na Praça de São Pedro se realizou no dia e na hora, em que, há mais de 60 anos, se recorda em Fátima, em Portugal, a primeira aparição da Mãe de Cristo aos pobres e pequenos camponeses? Porque, em tudo aquilo que sucedeu exatamente nesse dia, notei aquela extraordinária proteção maternal e solicitude, que se mostrou mais forte do que o projétil mortífero”.

Em maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Fátima.

Antes de partir, em Roma, João Paulo II explicava que queria ir à Cova da Iria, “lugar abençoado, também para escutar novamente, em nome de toda a Igreja, a Mensagem que ressoou há 65 anos nos lábios da Mãe comum, preocupada com a sorte dos seus filhos”.

Em Fátima, o Papa falou para “agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular” (homilia do 13 de maio). Simbolicamente, a bala que lhe atravessou o abdómen repousa hoje na imagem da Virgem na Cova da Iria.

Diante dos peregrinos, na Capelinha das Aparições, agradeceu a “especial proteção materna de Nossa Senhora”.

“E pela coincidência – e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina – vi também um apelo e, quiçá, uma chamada à atenção para a mensagem que daqui partiu, há sessenta e cinco anos, por intermédio de três crianças, filhas de gente humilde do campo, os pastorinhos de Fátima, como são conhecidos universalmente”, acrescentou.

A devoção à oração do Rosário e a preocupação com as “ameaças” ao mundo foram outros temas centrais das intervenções de João Paulo II, que proferiu uma oração de Consagração a Nossa Senhora, a 13 de maio, na qual deixou, entre outras, a seguinte invocação: “Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda espécie de guerra, livrai-nos!”

Na Cova de Iria, viria a ser vítima de um novo ataque contra a sua vida, perpetrado pelo espanhol Juan Fernández Krohn, padre tradicionalista que usava um punhal.

Já depois da morte de João Paulo II (2 de abril de 2005), o cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi seu secretário particular, assegurava que este tinha sido ferido, embora de forma ligeira.

A 25 de março de 1984, o Papa presidiu à consagração do mundo ao coração de Maria, no Vaticano; a mesma imagem que, em 2000, colocou entre os bispos de todo o mundo, consagrando-lhe o terceiro milénio.

Ainda a 25 de março de 1984, o Papa oferece ao bispo de Leiria-Fátima a bala do atentado que, mais tarde, seria colocada na coroa preciosa da imagem de Nossa Senhora venerada na Capelinha das Aparições.

João Paulo II voltou a Portugal em 1991, passando, inevitavelmente, pelo Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 maio; durante quatro dias, proferiu 12 intervenções e enviou ainda uma carta, desde a Cova da Iria, aos bispos católicos da Europa, que preparavam uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos, dedicada ao Velho Continente.

Ao despedir-se do país, o Papa disse que “Fátima é sempre nova para quem repete a subida à Serra de Aire e procura penetrar, cada vez mais fundo, nos mistérios da Mensagem de Nossa Senhora, ‘a toda vestida de branco’, nas Aparições de 1917 aos três Pastorinhos”.

A 12 e 13 maio de 2000, já com um estado de saúde debilitado, João Paulo II regressou a Portugal, para presidir à beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.

O Papa proferiu um discurso à chegada, no aeroporto internacional de Lisboa, a homilia na Missa do 13 de maio e uma saudação aos doentes reunidos na Cova da Iria; na mesma ocasião deu-se o anúncio da publicação da terceira parte do chamado “Segredo de Fátima”.

“Desejo uma vez mais celebrar a bondade do Senhor para comigo, quando, duramente atingido, fui salvo da morte”, disse, na sua homilia.

Já de regresso a Roma, na audiência geral de 17 de maio de 2000, João Paulo II defendeu que “o apelo que Deus fez chegar mediante a Virgem Santa conserva intacta ainda hoje a sua atualidade”.

Em 2000, o cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (que viria a ser eleito como Papa Bento XVI) assinou o “comentário teológico” à terceira parte do segredo, no qual se fala de um “Bispo vestido de branco” que caminha no meio de ruínas e cadáveres, imagem associada ao atentado sofrido por João Paulo II.

O texto relativo ao Segredo de Fátima (uma mensagem anunciada por Nossa Senhora aos Pastorinhos em julho de 1917 e escrita por Lúcia na década de 40 do século XX)  pode ser consultado no sítio do Vaticano.

OC

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