Papa vai presidir à canonização dos jovens italianos, apresentados como exemplo para as novas gerações

Cidade do Vaticano, 06 set 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV vai presidir este domingo à primeira canonização do seu pontificado, proclamando como santos o jovem Pier Giorgio Frassati e o adolescente Carlo Acutis, na Praça de São Pedro.
O Vaticano divulgou o Missal para a celebração, com início marcado para as 10h00 (menos uma em Lisboa), onde apresenta a biografia dos dois novos santos, apresentados como exemplos para as novas gerações.
“Carlo Acutis é o primeiro santo da geração millennial. Ele nasceu em Londres (Reino Unido) a 3 de maio de 1991. Naquela época, os seus pais, originários de Itália, viviam em Londres, onde o seu pai trabalhava”, começa por referir o texto relativo ao adolescente que, com poucos meses de idade, regressou a Milão, onde frequentou a escola primária.
O Vaticano destaca que, “na vida de Carlo nunca faltaram sinais concretos de sua profunda ligação com a Eucaristia: a participação diária na missa ou a ‘comunhão espiritual’ nos dias em que estava ocupado com a escola, os pequenos sacrifícios feitos em reparação às faltas de amor a Jesus Eucaristia e as histórias contadas aos amigos.”
“É famosa a sua frase: ‘A Eucaristia é a minha autoestrada para o Céu’”, acrescenta a nota biográfica.
O documento destaca o uso da informática, que usou na promoção da oração do Rosário.
Carlo era um adolescente de bom coração, alegre e sorridente. Ele não escondia sua fé e seu amor por Jesus. Preocupava-se em ajudar colegas da escola em dificuldade e, no bairro onde morava, ajudava com sua amizade e com parte de sua mesada os pobres que pediam esmola.”
A nota sublinha o “carisma franciscano da alegria, da contemplação e do respeito pela criação, da busca da paz e da doação de si mesmo aos mais necessitados” que marcou a vida do adolescente, que em outubro de 2006 recebeu o diagnóstico de uma forma agressiva de leucemia, vindo a falecer poucos dias depois, aos 15 anos de idade.
O Papa Francisco reconheceu um primeiro milagre, ocorrido na Arquidiocese de Campo Grande (Brasil), em 2013, por intercessão de Carlo, o que tornou possível a sua beatificação a 10 de outubro de 2020, na basílica de São Francisco em Assis.
O reconhecimento de um segundo milagre, ocorrido em Florença, em 2022, abriu o caminho para a sua canonização.
Pier Giorgio Frassati vai ser canonizado 100 anos depois da sua morte, a 4 de julho de 1925.
O futuro santo nasceu em Turim a 6 de abril de 1901, “filho de uma das famílias burguesas mais influentes” da cidade italiana.
“A sua profunda fé alimentava-se da Eucaristia diária, da oração e da confissão frequente”, recorda o Vaticano.
Frassati esteve ligado às Conferência Vicentinas e “passava a maior parte do seu tempo livre a visitar famílias pobres, sacrificando o seu dinheiro para ajudar os mais necessitados”.
“De temperamento alegre e expansivo, viveu no ambiente universitário o valor da amizade e da proximidade com todos, sem medo de manifestar a sua fé”, tendo integrado a Juventude Católica e recebido hábito da Ordem Terceira Dominicana.
O Vaticano sublinha que, durante os anos do fascismo, o novo santo “pagou várias vezes com a sua própria pele o seu envolvimento no associacionismo católico e nas fileiras do Partido Popular”.
No final de junho de 1925, apareceram os sintomas da poliomielite fulminante que, em poucos dias, o levaram à perda de apetite e de movimentos.
“Antes de entrar em coma e falecer, recebeu os últimos sacramentos da fé. Muitas pessoas participaram no funeral e na sua última despedida”, conclui o texto.
A sua beatificação foi presidida por São João Paulo II, em 20 de maio de 1990, na Praça de São Pedro; em 2024, o Papa Francisco reconheceu um milagre atribuído à intercessão de Pier Giorgio Frassati, nos Estados Unidos da América.
A canonização é a confirmação, por parte da Igreja Católica, de que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
Este é um ato reservado à Santa Sé, desde o século XII, e é ao Papa que compete inscrever o novo Santo no cânone.
Este domingo, Leão XIV vai chegar à Praça de São Pedro ao som da ladainha dos Santos para dar início à Missa, que inclui o rito de canonização propriamente dito.
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, acompanhado pelos postuladores dos jovens beatos, pede formalmente que sejam inscritos no “álbum dos Santos”.
“Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a nossa, após ter longamente refletido, invocado várias vezes o auxílio divino e escutado o parecer dos nossos irmãos no episcopado, declaramos e definimos como santos os beatos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, inscrevemo-los no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os Santos”, refere a fórmula de canonização, proferida em latim.
Os relicários dos dois novos santos vão ser colocados junto ao altar, com as respetivas relíquias.
No pontificado de Francisco (2013-2025) foram canonizados, entre outros, Francisco e Jacinta Marto, pastorinhos de Fátima; D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), arcebispo de Braga, arquidiocese que incluía na altura os territórios das dioceses de Braga, Viana do Castelo, de Bragança-Miranda e de Vila Real; o sacerdote português Ambrósio Francisco Ferro, morto no Brasil a 3 de outubro de 1645 durante perseguições anticatólicas, por tropas holandesas; o padre José Vaz, nascido em Goa, então território português, a 21 de abril de 1651, que foi declarado santo no Sri Lanka; e José de Anchieta(1534-1597), religioso espanhol que passou por Portugal e se empenhou na evangelização do Brasil.
OC