Vaticano: Menos burocracia e mais espírito familiar, propõe o Papa aos políticos

Francisco aborda consequências sociais e culturais do debate em curso no Sínodo dos Bispos

Cidade do Vaticano, 07 out 2015 (Ecclesia) – O Papa defendeu hoje no Vaticano que os responsáveis políticos promovam um “reconhecimento adequado” das famílias e construam uma sociedade com menos “burocracia”.

“Não só a organização da vida comum encalha cada vez mais numa burocracia completamente estranha aos laços humanos fundamentais mas também, infelizmente, os costumes sociais e da política dão mostras, muitas vezes, de sinais de degradação – agressividade, vulgaridade, desprezo -, que estão bem abaixo do limiar de uma educação familiar mínima”, alertou, durante a audiência pública desta semana.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco lamentou que a sociedade moderna avance do ponto de vista científico e tecnológico sem conseguir traduzir esse conhecimento “em melhores formas de convivência social”.

A intervenção criticou a “obtusidade tecnocrática e o familismo amoral”, extremos do “paradoxo” de uma sociedade que menospreza a dimensão familiar.

O tema está no centro da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, a decorrer no Vaticano, da qual o Papa sublinhou o “entusiasmo” com que se têm vivido os trabalhos.

“Que o entusiasmo dos padres sinodais, animados pelo Espírito Santo, possa fomentar o impulso de uma Igreja que abandona as velhas redes e vai pescar de novo, confiando na palavra do seu Senhor”, pediu.

Neste contexto, o Papa sustentou que as famílias são “uma das redes mais importantes” para a sua missão e a da Igreja, “não uma rede que faz prisioneiros” mas que “liberta das águas estragadas do abandono e da indiferença”.

Francisco sublinhou que a vida das famílias exige “toda a atenção e cuidado” da Igreja Católica.

“Para a Igreja, o espírito de família é como que a sua carta magna: a Igreja é e deve ser a família de Deus (…), através da família, a Igreja sai de novo a pescar para evitar que os homens se afoguem no mar da solidão e da indiferença”, precisou.

O pontífice argentino deixou depois uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa, particularmente os fiéis da Paróquia da Graça.

“Unidos na oração pelo Sínodo dos Bispos, faço votos de que a vossa peregrinação a Roma fortaleça, no amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, com a comunidade eclesial e com a sociedade. Que Nossa Senhora vos acompanhe e proteja”, desejou.

OC

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Agência ECCLESIA

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