Papa inaugurou Jubileu do Mundo Educativo, assinando nova carta apostólica sobre o tema

Cidade do Vaticano, 27 out 2025 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa com os estudantes das universidades pontifícias, abrindo o Jubileu do Mundo Educativo, recordando a “fome de verdade e de sentido” no mundo contemporâneo.
“Hoje, tornamo-nos especialistas em detalhes infinitesimais da realidade, mas somos incapazes de ter novamente uma visão de conjunto, uma visão que una as coisas através de um significado maior e mais profundo; a experiência cristã, pelo contrário, quer ensinar-nos a olhar para a vida e a realidade com um olhar unitário, capaz de abraçar tudo, rejeitando qualquer lógica parcial”, disse, na homilia que proferiu na Basílica de São Pedro.
“Alimentar a fome de verdade e de sentido é uma tarefa necessária, porque sem verdade e significados autênticos pode-se entrar no vazio e pode-se até morrer”, acrescentou.
O encontro jubilar decorre até 1 de novembro, reunindo em Roma mais de 20 mil participantes de 124 países, incluindo Portugal.
Perante docentes e alunos das universidades pontifícias, o Papa destacou que “a vida só é viva se estiver em caminho, só se souber dar passos”, sublinhando o simbolismo da passagem pela Porta Santa, típica do Jubileu, como expressão de um percurso de conversão.
“A Igreja precisa constantemente de converter-se, de seguir Jesus sem hesitações, de passar da escravidão à liberdade, da morte à vida”, afirmou.
Leão XIV alertou que, quando o ser humano é “incapaz de ver além de si mesmo, das suas ideias e convicções, permanece prisioneiro, escravo, incapaz de amadurecer o seu próprio julgamento”.
“Quem estuda eleva-se, alarga os seus horizontes e recupera um olhar que não se fixa apenas em baixo, mas é capaz de olhar para cima: para Deus, para os outros, para o mistério da vida”, observou.
O Papa advertiu contra a “atrofia espiritual” e o risco de uma especialização que perde a visão de conjunto, referindo a docentes e investigadores que a Igreja “precisa deste olhar unitário”.
O que acontece nas salas de aula da universidade e nos ambientes educativos de qualquer ordem e grau não deve permanecer um exercício intelectual abstrato, mas tornar-se realidade capaz de transformar a vida”.

Antes da Missa, acompanhado pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, Leão XIV assinou a carta apostólica ‘Desenhar novos mapas de esperança’, para assinalar o aniversário da declaração ‘Gravissimum Educationis’, do Concílio Vaticano II, que se assinala 28 de outubro.
“Este património não é imutável: é uma bússola que continua a indicar a direção. As expectativas, hoje, não são menores do que as muitas com que a Igreja teve de lidar há 60 anos. Pelo contrário, ampliaram-se e tornaram-se mais complexas”, escreve o pontífice, numa passagem divulgada pelo Vaticano.
Ao longo Jubileu do Mundo Educativo, o Papa vai relançar o Pacto Educativo Global, com três novos eixos: o desenvolvimento da vida interior, a humanização do digital e a educação para a paz.
Esta quinta-feira, Leão XIV vai falar a mais de 6 mil estudantes em peregrinação, no Auditório Paulo VI (11h00 locais, menos uma em Lisboa); na sexta-feira, encontra-se no mesmo local com os educadores que participam no Jubileu (11h00), antes da passagem pela Porta Santa; a 1 de novembro (10h30), na Praça de São Pedro, Leão XIV vai celebrar a Missa conclusiva, para todo o mundo educativo, proclamando o santo cardeal John Henry Newman como “doutor da Igreja”.
Entre as iniciativas desta semana destaca-se o congresso internacional “Constelações Educativas: um pacto com o futuro”, no Auditório da Conciliação, e encontros com estudantes e educadores de todo o mundo.
O Vaticano salienta que a rede católica de ensino é hoje “a maior estrutura educativa global”, presente em 171 países e responsável por mais de 231 mil instituições escolares e universitárias.
OC
