Vaticano: Leão XIV inicia primeira viagem internacional, com marca ecuménica

Programa oficial prevê celebração especial no 1700.º aniversário do Concílio de Niceia, na Turquia, e oração no Porto de Beirute

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 27 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa inicia hoje a primeira viagem internacional do pontificado, na qual vai visitar a Turquia e o Líbano, até 2 de dezembro, com várias celebrações ecuménicas, incluindo a evocação do 1700.º aniversário do Concílio de Niceia.

O programa da deslocação, divulgado pelo Vaticano, tem início esta manhã em Ancara, com visitas institucionais, nomeadamente ao Mausoléu de Atatürk, e encontros com o presidente da República turca, bem como representantes civis e diplomáticos, para o primeiro discurso da viagem.

Já na sexta-feira, em Istambul, o Papa vai participar em momentos de oração com membros da comunidade católica, antes de deslocar para Íznik, onde tem lugar um encontro ecuménico de oração no local das escavações arqueológicas da Basílica de São Neófito.

A antiga cidade de Niceia recebeu em 325 o primeiro concílio ecuménico, com a missão de preservar a unidade da Igreja, perante correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e a sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino.

Os participantes acabaram por definir o ‘Símbolo de fé’, o Credo, que ainda hoje se professa nas celebrações eucarísticas dominicais.

Já no sábado, em Istambul, Leão XIV começa por visitar a Mesquita Azul, construída em frente à Basílica de Santa Sofia, entre 1609 e 1616, conhecida pelo nome do sultão Ahmet, que a mandou edificar.

A agenda prevê novo encontro de oração com Bartolomeu na igreja de São Jorge, sede do Patriarcado de Constantinopla, antes da assinatura de uma declaração conjunta; o dia encerra-se com a celebração da Missa, na “Volkswagen Arena”, com capacidade para cerca de 6 mil pessoas.

No dia 30 de novembro, o Papa desloca-se à catedral da Igreja Arménia Apostólica, antes de assinalar a festa litúrgica de Santo André, na sede do Patriarcado de Constantinopla.

A segunda etapa da viagem inicia-se nessa tarde, em Beirute, junto de autoridades políticos, diplomatas e representantes da sociedade civil.

O secretário de Estado do Vaticano afirmou que a primeira viagem apostólica do Papa Leão XIV, com destino à Turquia e ao Líbano, levará uma mensagem de “concórdia, diálogo e paz” ao Médio Oriente, sublinhando a importância da presença cristã na região.

Em entrevista aos meios de comunicação do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin destacou que o Papa assume o “cajado do peregrino” no rasto dos seus antecessores, preparando-se para esta visita com sentimentos de alegria para “confirmar na fé” as comunidades locais.

A deslocação à Turquia terá como ponto central a celebração dos 1700 anos do Concílio de Niceia, um aniversário que o colaborador do Papa considera fundamental para a “base da fé de todos os cristãos”.

“Gostaria de realçar a importância da centralidade cristológica na fé cristã – o centro de toda a nossa fé está aí – e também a dimensão ecuménica, o facto de nos encontrarmos juntos a professar a mesma fé em Jesus, verdadeiro homem e verdadeiro Deus”, referiu D. Pietro Parolin.

O programa inclui uma visita à Mesquita Azul, momento que o secretário de Estado enquadra no diálogo inter-religioso e na rejeição do extremismo, recordando que “quem reza não cede ao fundamentalismo”.

Sobre a etapa no Líbano, o cardeal Parolin antecipa uma “mensagem de esperança” para um país que, apesar dos progressos políticos recentes, ainda enfrenta “muitas dificuldades, muitos atrasos, muitos obstáculos”.

A agenda do dia 1 de dezembro inclui visitas ao túmulo de São Charbel e ao Santuário de Nossa Senhora do Líbano, encontros com a comunidade católica e com jovens, além de uma oração ecuménica e inter-religiosa na emblemática Praça dos Mártires.

A 2 de dezembro, Leão XIV vai fazer uma oração silenciosa junto ao local da explosão do porto da capital, que a 4 de agosto de 2020 causou a morte de mais de 200 pessoas; cerca de 6500 ficaram feridas e 300 mil pessoas perderam as suas casas.

A celebração conclusiva da viagem ao Líbano é a Missa na zona do “Beirut Waterfront”, junto ao Mediterrâneo.

Francisco visitou a Turquia em 2014 e Bento XVI esteve no país em 2006, seguindo os passos de Paulo VI, em 1964, e João Paulo II, em 1979.

Três Papas visitaram o Líbano, até hoje: Paulo VI, em 1964; João Paulo II, em 1997; e Bento XVI, em 2012.

OC

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