Papa recebeu docentes e estudantes do Instituto Pontifício Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimónio e da Família
Cidade do Vaticano, 24 out 2025 (Ecclesia) – O Papa defendeu hoje, no Vaticano, a necessidade de promover políticas de apoio às famílias, criticando as sociedades obcecadas com a “produtividade”.
“Numa sociedade que, muitas vezes, valoriza a produtividade e a velocidade em detrimento das relações, torna-se urgente devolver tempo e espaço ao amor que se aprende na família, onde se entrelaçam as primeiras experiências de confiança, de doação e de perdão, que constituem o tecido da vida social”, declarou, ao receber em audiência docentes e estudantes do Instituto Pontifício Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimónio e da Família.
Leão XIV sublinhou que a mensagem do Evangelho deve inspirar “ações orgânicas e concertadas em apoio à família”.
“A qualidade da vida social e política de um país, de facto, mede-se particularmente pela forma como permite às famílias viver bem, ter tempo para si mesmas, cultivando os laços que as mantêm unidas”, sustentou.
O encontro decorreu no Vaticano por ocasião do Jubileu do Instituto, fundado por São João Paulo II, que o atual pontífice descreveu como “um corpo académico internacional” ao serviço de “noivos, esposos, pais e filhos, promessa de uma humanidade renovada pelo amor”.
Leão XIV falou da família como “a primeira célula da sociedade, escola fundamental de humanidade”, dedicando particular atenção à maternidade e à defesa da vida humana.
O discurso referiu que “muitas mães vivem a gravidez em condições de solidão ou marginalidade”, pedindo um compromisso conjunto da Igreja Católica e responsáveis civis para “restituir à maternidade a sua plena dignidade”.
“Para tal, são necessárias iniciativas concretas: políticas que garantam condições de vida e de trabalho adequadas; iniciativas formativas e culturais que reconheçam a beleza de gerar juntos; uma pastoral que acompanhe as mulheres e os homens com proximidade e escuta”, apontou.
A maternidade e a paternidade, assim preservadas, não são de modo algum pesos que sobrecarregam a sociedade, mas sim uma esperança que a fortalece e renova.”
O Papa valorizou ainda o contributo académico do Instituto no diálogo entre teologia, ciências sociais e políticas públicas, encorajando os investigadores a “exercitar um pensamento aberto e dialogante”, para “aprofundar a relação entre a família e a doutrina social da Igreja”.
“Importa inserir o estudo da família como capítulo essencial do património de sabedoria que a Igreja propõe sobre a vida social”, acrescentou, pedindo que se valorizem “as experiências familiares”.
Leão XIV abordou ainda as crescentes dificuldades culturais em torno do matrimónio, apelando aos teólogos e pastores para que falem “com novas palavras capazes de tocar profundamente a consciência dos jovens”.
“O nosso tempo é marcado por tensões e ideologias que confundem os corações, mas também por uma crescente procura de espiritualidade, de verdade e de justiça, sobretudo entre os jovens”, afirmou, convidando o mundo académico a acolher “esse desejo como uma das tarefas mais belas e urgentes”.
OC