Papa aponta África como próximo destino e sonha visitar a Argélia, para seguir os passos de Santo Agostinho

Cidade do Vaticano, 02 dez 2025 (Ecclesia) – O Papa disse hoje, em conferência de imprensa, que a viagem ao Líbano conseguiu mostrar ao mundo que o Islão e o Cristianismo podem viver juntos e respeitar-se.
“Sei que na Europa muitas vezes existem medos, mas na maioria das vezes eles são gerados por pessoas contra a imigração e que tentam manter afastadas as pessoas que podem vir de outro país, de outra religião, de outra raça. Nesse sentido, gostaria de dizer que todos nós precisamos de trabalhar juntos”, referiu Leão XIV, no voo de regresso entre Beirute e Roma.
Questionado sobre os discursos que apresentam o Islão como “uma ameaça à identidade cristã do Ocidente”.
“Uma das coisas positivas desta viagem é ter chamado a atenção do mundo para a possibilidade de diálogo e amizade entre muçulmanos e cristãos. Penso que uma das grandes lições que o Líbano pode ensinar ao mundo é precisamente mostrar uma terra onde o Islão e o Cristianismo estão ambos presentes e se respeitam, e onde é possível viver juntos e ser amigos”, indicou o pontífice.
As histórias, os testemunhos que ouvimos nestes últimos dois dias são de pessoas que se ajudam mutuamente. Cristãos e muçulmanos, ambos tiveram as suas aldeias destruídas, por exemplo, e disseram-nos que podemos estar juntos e trabalhar juntos. Penso que esta é uma lição importante a ser ouvida na Europa e na América do Norte.”
No encontro com os jornalistas, o Papa adiantou que a sua “próxima viagem” apostólica deve ser ao continente africano, expressando um desejo pessoal de visitar a Argélia.
Leão XIV explicou a escolha da Argélia com a vontade de visitar os lugares ligados a Santo Agostinho e de aprofundar as relações com o Islão.
O Papa, antigo responsável mundial da Ordem de Santo Agostinho, evocou a figura do bispo católico dos séculos IV-V, que liderou a diocese de Hipona (na atual Argélia).
“A figura de Santo Agostinho ajuda muito como ponte, porque na Argélia ele é muito respeitado como filho da pátria”, referiu, sublinhando a importância de “continuar a construção de pontes entre o mundo cristão e o mundo muçulmano”.
Sobre uma eventual visita à América Latina, Leão XIV, que foi bispo e missionário no Peru durante cerca de duas décadas, confirmou o desejo de viajar para a Argentina, Uruguai e Peru.
“Se for ao Peru, também muitos países vizinhos, mas o projeto ainda não está definido”, esclareceu.
O Papa começou por agradecer o trabalho dos profissionais de comunicação social, para “comunicar as mensagens importantes desta viagem”.
OC
