Vaticano lamenta especulação «deplorável»

D. Tarcísio Bertone reage a informações que relacionam renúncia de Bento XVI com suposta leitura de um relatório secreto

Cidade do Vaticano, 23 fev 2013 (Ecclesia) – A Secretaria de Estado do Vaticano emitiu hoje uma nota onde lamenta a onda de notícias “não confirmadas, não verificáveis e completamente falsas” postas em circulação nos últimos dias pela imprensa envolvendo “pessoas e instituições” da Santa Sé.

A mensagem do organismo liderado pelo cardeal Tarcísio Bertone, publicada através do serviço de comunicação do Vaticano, surge no seguimento de informações avançadas pela imprensa italiana, que relacionam a renúncia de Bento XVI com a leitura de um relatório secreto sobre o caso da divulgação pública de documentos pessoais do Papa.

O episódio, ocorrido no ano passado, ficou conhecido como “Vatileaks” e envolveu o mordomo pessoal de Bento XVI, Paolo Gabriele, entretanto destituído do cargo.

Segundo a investigação conduzida pela Santa Sé, Paolo Gabriele retirou do escritório do Papa alemão documentos pessoais que depois foram publicados num livro.

A imprensa italiana aponta agora que Bento XVI terá recebido em dezembro último um dossier sobre todo o processo à volta deste caso, preparado por três cardeais, e que a leitura dessa documentação teria motivado Joseph Ratzinger a abdicar do seu pontificado.

Por outro lado, os media especulam ainda sobre um possível envolvimento do antigo subsecretário de Estado do Vaticano, monsenhor Ettore Balestrero, no episódio da fuga de documentos.

O sacerdote foi esta sexta-feira nomeado arcebispo e núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé) para a Colômbia e vai ser enviado para Bogotá.

A Secretaria de Estado do Vaticano considera “deplorável” a especulação infundada dos órgãos de comunicação social, que pode causar “sérios danos” à imagem das pessoas visadas.

Este organismo lamenta ainda que ela surja “numa altura em que se aproxima o Conclave” para a eleição de um novo Papa, decisão que “os cardeais eleitores são chamados a realizar em consciência e em liberdade diante de Deus”.

“A liberdade do Colégio Cardinalício, que é responsável perante a lei pela eleição de um novo Pontífice Romano, foi sempre fortemente defendida pela Santa Sé, para garantir que essa escolha é feita apenas em consonância com o bem da Igreja”, refere o comunicado.

O dicastério liderado por D. Tarcísio Bertone recorda que “ao longo dos séculos, os cardeais eleitores foram alvo de diversas formas de pressão, que tinham como objetivo condicionar as decisões, segundo uma lógica política ou mundana”.

“Se no passado essas pressões eram exercidas através de poderes como os Estados, hoje há uma tentativa de as realizar através da opinião pública, frequentemente com base em juízos que não captam o caráter espiritual do momento que a Igreja atravessa”, realça a Secretaria de Estado do Vaticano.

JCP

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