Papa emérito anunciou renúncia ao pontificado a 11 de fevereiro de 2013
Lisboa, 10 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa emérito Bento XVI, que anunciou a sua renúncia ao ao pontificado a 11 de fevereiro de 2013, tem mantido uma vida afastada do grande público no último ano, apenas interrompida por iniciativa do seu sucessor, Francisco.
A residir no Vaticano desde 2 de maio, num antigo mosteiro de clausura, Bento XVI mantém a “vida consagrada à oração” que tinha prometido no momento de anunciar a renúncia, perante dezenas de cardeais.
Bento XVI despediu-se dos seus mais diretos conselheiros a 28 de fevereiro e manifestou desde logo a sua intenção de não interferir na sua sucessão nem no pontificado do novo Papa.
“Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionais”, declarou, numa intervenção aplaudida pelo então cardeal Jorge Mario Bergoglio, que a 13 de março seria eleito como sucessor de Bento XVI.
Os dois viriam a encontrar-se pela primeira vez a 23 de março na residência de Castel Gandolfo, arredores de Roma, onde o Papa alemão se recolheu nos meses de março e abril, após o final do seu pontificado; Francisco acolheu depois Bento XVI no Vaticano, aquando do regresso deste.
O Papa emérito só apareceu em público na companhia do seu sucessor e limitou as audiências de grupo e individuais que concede, continuando a estar acompanhado pelas quatro leigas consagradas que o serviram durante o pontificado e pelo seu secretário particular, D. Georg Gaenswein, atual prefeito da Casa Pontifícia, para além do seu irmão, monsenhor Georg Ratzinger.
Os dois Papas voltaram a estar juntos a 5 de julho, nos jardins do Vaticano, para a inauguração de uma estátua de São Miguel, cerimónia que decorreu no mesmo dia em que foi lançada a encíclica ‘Luz da Fé’, primeira do pontificado de Francisco: um texto escrito a quatro mãos, com uma marca significativa deixada pelo agora Papa emérito Bento XVI.
O Papa Francisco destacou o “exemplo” de Bento XVI, durante a recitação do ângelus de 30 de junho, como alguém que entendeu “como é a relação com Deus na própria consciência”.
Bento XVI permitiu que fosse apenas conhecido um escrito, neste último ano: uma carta ao matemático e escritor italiano Piergiorgio Odifreddi, que em 2011 publicou a obra ‘Caro Papa, escrevo-te’.
O texto, parcialmente divulgado a 24 de setembro pelo jornal italiano ‘La Reppublica’, assume uma crítica “dura”, mas franca, às posições de Odifreddi sobre a historicidade de Jesus e a relação entre a Teologia e o mundo científico.
Antes, Bento XVI tinha presidido a uma missa a 1 de setembro, na capela do Governatorato, do Vaticano, por ocasião do tradicional seminário de verão dos seus ex-alunos, em cujos trabalhos deixou de marcar presença.
A 12 de outubro, o Papa emérito acolheu na sua residência a imagem venerada na Capelinha das Aparições, em Fátima, que esteve no da Jornada Mariana do Ano da Fé, uma iniciativa convocada por Bento XVI que prosseguiu com Francisco.
O atual Papa visitou o seu predecessor a 23 de dezembro, na residência de Bento XVI, para a troca de votos natalícios, e os dois almoçariam juntos quatro dias depois, na casa de Santa Marta, no Vaticano.
Bento XVI saiu do Vaticano em agosto, para assistir a um concerto na residência de Castel Gandolfo, e no início deste ano, a 4 de janeiro, quando visitou o seu irmão na Clínica Gemelli, de Roma.
OC