Vaticano II: Pastoral Coletiva dos bispos portugueses

O II Concílio do Vaticano “não tem outro fim senão, mostrar ao mundo atual o verdadeiro rosto da Igreja”, escreveram os bispos portugueses na Pastoral Coletiva sobre o Concílio, datada de 2 de julho de 1962.

O II Concílio do Vaticano “não tem outro fim senão, mostrar ao mundo atual o verdadeiro rosto da Igreja”, escreveram os bispos portugueses na Pastoral Coletiva sobre o Concílio, datada de 2 de julho de 1962. O documento realçava que não se devia ver na missão da Igreja e nomeadamente na obra do Concílio, “as tarefas sempre contingentes da construção histórica”.

Esta assembleia magna – convocada pelo Papa João XXIII – não poderia “ser de modo nenhum considerada como uma encruzilhada do movimento histórico para a resolução dos problemas temporais desta hora do mundo” (Cf. Boletim Informação Pastoral, Nº 18, página 17). A Pastoral Coletiva realçava também que “jamais algum” concílio tivera “tão larga e tão cuidada preparação com este”.

Com vários subtítulos – «O Papa e o Concílio», «O que é o Concílio», «Concílio e opinião católica», «Os fins do Concílio», «A expectativa duma revolução na Igreja», «O mistério da Igreja», «A prova de fé na Igreja», «Elevação sobrenatural do mundo» e «Igreja em estado de Concílio» – o documento dos bispos portugueses, assinado poucos meses antes do início da grande assembleia, referia: “Já alguém com autoridade chamou ao concílio «encontro vertical», em que o poder e a luz vêm de cima, para melhor o distinguir duma espécie de parlamento sacro, em que os bispos apareciam como os representantes do povo católico”.

Algumas vozes, “muito vivas em alguns países”, falavam a este propósito “dos direitos da «opinião católica», sem bem a definir”.

Os prelados portugueses questionavam: “Em nome de mal entendida promoção do laicado, não se terá chegado a pensar numa espécie de colóquio de bispos e fiéis?”. E de seguida davam a resposta: “Equivaleria, porém, a negar a verdadeira natureza do episcopado considerar os bispos como delegados dos fiéis. A sua autoridade e poderes não lhes vêm da assembleia dos cristãos, mas de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Segundo os bispos portugueses, não faltava quem colocasse no Concílio “a esperança naturalista duma revolução na Igreja”. Como esta “não pode transformar-se, deixando de ser o que é”, todo o progresso histórico “realiza-se no sentido da manifestação da sua identidade”.

A Igreja é “contemporânea de todas as épocas” e a todas comunica o mistério de Cristo. Ela “nunca poderá ser compreendida por quem a olha de fora”, nem o concílio poderá “ser compreendido fora da Igreja”, escreviam os prelados no documento.

Falar de «compreensão», de «abertura» da Igreja aos chamados valores modernos, “não pode jamais significar que é por eles que pode ser julgada a Igreja; a Igreja, Cristo, é que os julga a eles”.

LFS 

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Agência ECCLESIA

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