«Doutrina de sempre tem de responder aos tempos atuais», frisa presidente do Instituto Superior de Teologia
Montemor-o-Novo, Évora, 22 jan 2013 (Ecclesia) – As jornadas de atualização do clero de Évora, Beja e Algarve, que começaram segunda-feira em Montemor-o-Novo, propõem-se avaliar os problemas que subsistem na aplicação do Concílio Vaticano II (1962-1965) e os desafios que continua a colocar à Igreja.
As “dificuldades” em executar alguns dos princípios conciliares são “sinal de que ainda há muito caminho a percorrer”, declarou hoje à Agência ECCLESIA o padre José Morais Palos, presidente do Instituto Superior de Teologia de Évora, entidade que organiza o encontro.
A iniciativa, que reúne mais de 80 padres e diáconos da Província Eclesiástica de Évora, constitui uma “oportunidade para revisitar o Concílio Vaticano II e perceber todas as expectativas que foram criadas, além de refletir sobre o percurso feito durante estes 50 anos”, explicou.
Depois de sublinhar que “as esperanças depositadas no concílio foram enormes”, o investigador referiu que “uma ideia que se vai veiculando é de que a doutrina de sempre tem de responder aos tempos atuais”, pelo que os católicos têm de estar “muito atentos à situação social e cultural”.
Nos tempos “algo deprimidos” que Portugal atravessa, a mensagem da Igreja ao mundo, hoje como há meio século, deve ser sempre de confiança: “A Igreja, sendo humana e divina, tem a graça de Deus que salva. Isso para nós é que é a esperança”, vincou.
As jornadas, que têm por tema ‘Concílio Vaticano II: sinal dos tempos para os novos tempos’, começaram com a conferência ‘Igreja que dizes de ti mesma, 50 anos passados?’, proferida pelo cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Policarpo, refere o site da arquidiocese eborense.
O programa da manhã de hoje incluiu as conferências ‘Lumen Gentium: nova eclesiologia para uma Igreja Sacramento Universal de Salvação’, por José Eduardo Borges de Pinho, professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, e ‘Dei Verbum: a Sagrada Escritura é a alma de toda a Teologia e está no coração da Igreja’, com o biblista D. António Couto, bispo de Lamego.
O padre Pedro Ferreira, diretor do Secretariado Nacional de Liturgia, conduz a primeira conferência desta tarde, ‘Sacrosanctum Concilium: a Liturgia como celebração da fé de uma Igreja peregrina em demanda da Cidade Celeste’, a que se segue ‘Uma Igreja à procura da renovação. O regresso às fontes’, por D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro.
‘O Concílio Vaticano II cinquenta anos depois. Questões relacionadas com a sua receção atual”, por Lluis Oviedo, professor da Universidade Pontifícia Antonianum, de Roma, e ‘O diálogo e a gratuidade num mundo secularizado. Uma resposta à atual crise antropológica’, com Martín Carbajo Núñez, professor da Academia Afonsiana, igualmente da ‘Cidade Eterna’, compõem as duas primeiras conferências de quarta-feira.
Os docentes voltam a intervir à tarde com intervenções sobre ‘Os campos prioritários da Evangelização: os Jovens, a Cultura e a Ciência’ e ‘Nova Evangelização e Cultura Mediática. Do Decreto «Inter Mirífica» aos nossos dias’.
No último dia decorre o painel ‘Como olhamos para a Igreja 50 anos depois do Vaticano II e no futuro? Perspetivas’, com Paula Rosado, padre António Domingos e irmã Maria da Glória Pinto.
RJM