Católicos à espera de fumo branco para conhecerem novo Papa

Lisboa, 07 mai 2025 (Ecclesia) – A Igreja Católica vive a partir de hoje o terceiro Conclave do século XXI, no qual 133 cardeais vão eleger, obrigatoriamente por uma maioria de dois terços, o sucessor de Francisco, falecido a 21 de abril.
O processo começa ao início da manhã, depois da instalação dos eleitores dentro no Vaticano, em quartos sorteados nas Casas de Santa Marta e Santa Marta Vecchia (edifícios adjacentes), e prossegue às 10h00 locais (menos uma em Lisboa), com a Missa votiva pela eleição do Papa, na Basílica de São Pedro.
A celebração conta com a participação de todos os cardeais, uma novidade introduzida por Bento XVI, sob a presidência do decano do Colégio Cardinalício, D. Giovanni Battista Re, que não vai entrar no Conclave por ter 91 anos de idade.
A partir das 16h30 de Roma (15h30 em Lisboa), as atenções centram-se no Palácio Apostólico do Vaticano, onde os cardeais eleitores se vão reunir na Capela Paulina para o rito de entrada do Conclave e a procissão até à Capela Sistina, onde decorrem os escrutínios.
O Vaticano vai ter uma câmara fixa na chaminé da Sistina para acompanhar em direto a saída do fumo que indica o resultado das eleições: branco, se houver maioria de dois terços [89 votos, neste caso], ou negro, se a votação tiver sido inconclusiva.
A eleição é dirigida pelo primeiro cardeal na ordem de precedência, atualmente D. Pietro Parolin, o secretário de Estado de Francisco, que preside também aos momentos previstos pela liturgia própria.
“Toda a Igreja, unida a nós na oração, invoca sem cessar a graça do Espírito Santo para que seja eleito por nós um Pastor digno de todo o rebanho de Cristo”, refere a oração para o início da procissão.
Os cardeais rumam à Capela Sistina, rezando a ladainha dos Santos, e tomam os seus lugares ao som do hino ‘Veni, creator Spiritus’, que invoca a ajuda do Espírito Santo.
Todos os presentes têm de prestar o juramento de “segredo” sobre o que diz respeito à eleição do Papa e comprometer-se a desempenhar fielmente a sua missão caso sejam escolhidos como o novo pontífice.
Terminado o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordem ‘Extra Omnes’ (todos fora): permanecem apenas o mestre das celebrações litúrgicas e o eclesiástico escolhido para a segunda meditação, o cardeal Raniero Cantalamessa, antigo pregador da Casa Pontifícia.
Os cardeais devem proceder a um primeiro escrutínio, cujo resultado será comunicado através do fumo negro ou branco.
“Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”, refere cada um dos cardeais, antes de depositar o cartão com o nome do candidato que escolheu, de forma anónima.
Caso o resultado seja inconclusivo, segue-se a recitação da oração de vésperas e o regresso a Santa Marta, onde os eleitores ficam alojados durante todo o processo.
O Conclave conta com cardeais de 70 países, incluindo quatro portugueses, todos criados por Francisco: D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, até agora prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal.
O sucessor de Francisco será o 49.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde Clemente VII, pontífice entre 1523 e 1534.
O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.
OC