Vaticano: Igreja vai ter dois novos santos, incluindo primeiro venezuelano

Francisco autorizou decretos, após audiência concedida no Hospital Gemelli

Foto: Lusa/EPA

Roma, 25 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa aprovou, desde o Hospital Gemelli, cinco processos de beatificação e a duas canonizações, incluindo a do Beato José Gregorio Hernández (1864-1919), médico venezuelano conhecido pela sua dedicação aos pobres.

A publicação dos decretos, divulgados hoje pela sala de imprensa da Santa Sé, foi autorizada por Francisco após uma audiência ao cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, e a D. Edgar Peña Parra, substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado.

José Gregorio Hernández, já conhecido pela população venezuelana como santo, cuidou de vários doentes durante a pandemia de febre espanhola e acabaria por morrer atropelado, quando se deslocava a uma farmácia para comprar medicação para uma idosa.

O médico vai ser, assim, o primeiro católico da Venezuela a ser canonizado.

O outro novo santo é o Beato Bartolo Longo(1841-1926), italiano, conhecido como um os grandes divulgadores da oração do Rosário.

Em 2015, numa visita ao santuário mariano de Pompeia (Itália), Francisco rezou a ‘pequena súplica’, a histórica oração composta pelo futuro santo, que em 1875 levou para Pompeia a imagem da Virgem Maria do santo Rosário.

Anualmente, no Santuário italiano, decorre a ‘Súplica de Nossa Senhora do Rosário’, com a oração escrita em 1883 por Bartolo Longo, em resposta à encíclica ‘Supremi Apostolatus officio’, na qual o Papa Leão XIII recomendava a recitação do terço.

“O Sumo Pontífice aprovou os votos favoráveis da sessão ordinária dos padres cardeais e bispos membros do Dicastério [para as Causas dos Santos] para a canonização do Beato José Gregorio Hernández Cisneros, fiel leigo, nascido em Isnotu (Venezuela) a 26 de outubro de 1864 e falecido em Caracas (Venezuela) a 29 de junho de 1919, e do Beato Bartolo Longo, fiel leigo, nascido em Latiano (Itália) a 10 de fevereiro de 1841 e falecido em Pompeia (Itália) a 5 de outubro de 1926, e decidiu convocar um consistório para as próximas canonizações”, refere a nota divulgada pelo Vaticano.

Outros cinco processos abriram caminho à beatificação de cinco fiéis católicos, com o reconhecimento da “oferta de vida” do padre Emilio Joseph Kapaun (1916-1951), nascido nos EUA e morto no campo de prisioneiros de Pyokton (Coreia do Norte), e de Salvo D’Acquisto (1920-1943), leigo, nascido em Nápoles e falecido em Palidoro (Itália), morto na II Guerra Mundial.

O Papa reconheceu ainda as “virtudes heroicas” do padre espanhol Miguel Maura Montaner (1843-1915), fundador da Congregação das Irmãs Zeladoras do Culto Eucarístico; do padre italiano Didaco Bessi (1856-1919), fundador da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Maria do Rosário; e da leiga polaca Cunegonda Siwiec (1876-1955).

Em 2017, Francisco publicou um decreto que apresentava a “oferta de vida” como novo modelo jurídico para a abertura de processos de beatificação e canonização, distinto do “martírio” e do reconhecimento das “virtudes heroicas”.

Esta “oferta de vida” tem de acontecer “de forma livre e voluntária” e corresponder a uma “heroica aceitação por caridade de uma morte certa e a curto prazo”.

A quarta via para os processos de canonização juntou-se ao martírio, ao exercício das “virtudes heroicas” e à canonização “equipolente” (por decisão explícita do Papa).

A canonização representa, na Igreja Católica, a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

O processo tem uma primeira etapa na diocese em que faleceu o fiel católico; a segunda etapa tem lugar em Roma, onde se examina toda a documentação enviada pelo bispo diocesano.

Após exame da documentação efetuada pelos teólogos e especialistas, compete ao Papa declarar a heroicidade das virtudes/oferta da vida/martírio, a autenticidade dos milagres, a beatificação e a canonização.

OC

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