Vaticano: «Igreja não tolera o antissemitismo» – Leão XIV

Papa recorda dimensão central no documento «Nostra Aetate», do Concílio Vaticano II

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 29 out 2025 (Ecclesia) – O Papa sublinhou hoje, no Vaticano, que a doutrina católica rejeita o antissemitismo, evocando a relação com os judeus como ponto central do documento ‘Nostra Aetate’, do Concílio Vaticano II, publicado há 60 anos.

“Todos os meus predecessores condenaram o antissemitismo com palavras claras. E assim também eu confirmo que a Igreja não tolera o antissemitismo e combate-o, por causa do próprio Evangelho”, referiu Leão XIV, na audiência pública semanal.

Apresentando uma reflexão especial, sobre a declaração conciliar, o pontífice recordou que “a primeira orientação da ‘Nostra Aetate’ foi para o mundo judaico, com o qual São João XXIII tencionava restabelecer a relação original”.

“Assim, pela primeira vez na história da Igreja, devia adquirir forma um tratado doutrinal sobre as raízes judaicas do cristianismo que, nos planos bíblico e teológico, representasse um ponto de não retorno”, indicou.

A Igreja, lembrada do seu comum património com os judeus, e levada não por razões políticas, mas pela religiosa caridade evangélica, deplora todos os ódios, perseguições e manifestações de antissemitismo, seja qual for o tempo em que isto sucedeu e seja quem for a pessoa que isto promoveu contra os judeus”.

Segundo o Papa, 60 anos depois é possível “olhar com gratidão para tudo o que foi realizado no diálogo judaico-católico”.

“Isto não se deve apenas ao esforço humano, mas à assistência do nosso Deus que, segundo a convicção cristã, é em si mesmo diálogo. Não podemos negar que neste período houve também desentendimentos, dificuldades e conflitos que, no entanto, nunca impediram a continuação do diálogo”, acrescentou.

Leão XIV pediu que “as circunstâncias políticas e as injustiças de alguns” não prejudiquem esse diálogo.

Perante responsáveis religiosos reunidos no Vaticano, o Papa destacou que a dia 28 de outubro de 1965, o Concílio Vaticano II, com a promulgação da Declaração ‘Nostra Aetate’, “abriu um novo horizonte de encontro, respeito e hospitalidade espiritual”.

“Este documento luminoso ensina-nos a encontrar os seguidores de outras religiões não como estranhos, mas como companheiros de viagem no caminho da verdade; a honrar as diferenças, afirmando a nossa humanidade comum; e a discernir, em qualquer busca religiosa sincera, um reflexo do único Mistério divino que abraça toda a criação”, declarou.

OC

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