Secretário de Estado destacou mini-JMJ, que encheu São Pedro de cor, num momento de luto pela morte do Papa







Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 27 abr 2025 (Ecclesia) – O secretário de Estado de Francisco disse hoje, na Praça de São Pedro, que o legado do Papa deve tornar-se “vida” nas comunidades católicas, destacando a mensagem central da misericórdia.
“É importante acolher como um precioso tesouro esta indicação na qual o Papa Francisco tanto insistiu. E – permiti-me dizê-lo – o nosso carinho por ele, que se manifesta nestas horas, não deve permanecer uma simples emoção do momento; devemos acolher o seu legado e torná-lo vida vivida, abrindo-nos à misericórdia de Deus e tornando-nos também nós misericordiosos uns para com os outros”, declarou o cardeal Pietro Parolin, na homilia da celebração, perante centenas de milhares de participantes.
A Missa do II domingo da Páscoa -da Divina Misericórdia – foi também a do segundo dia dos “novendiali”, o período oficial de luto de nove dias, com celebrações em sufrágio pelo falecido Papa.
“É precisamente a misericórdia do Pai, maior do que os nossos limites e os nossos cálculos, que caracterizou o magistério do Papa Francisco e a sua intensa atividade apostólica, juntamente com o desejo de a anunciar e partilhar com todos – o anúncio da boa nova, a evangelização –, que foi o programa do seu pontificado”, sublinhou o cardeal italiano, interrompido pela multidão com várias salvas de palmas.
Ele lembrou-nos que ‘misericórdia’ é nome próprio de Deus e, portanto, ninguém pode colocar limites ao seu amor misericordioso, com o qual Ele quer levantar-nos e tornar-nos pessoas novas”.
O cardeal Pietro Parolin admitiu que muitos vivem uma “sensação de desorientação” perante a morte do Papa, realçando que, segundo o Evangelho, “é precisamente nestes momentos de escuridão que o Senhor vem”.
“O Papa Francisco lembrou-no-lo desde a sua eleição e repetiu-no-lo muitas vezes, colocando no centro do seu pontificado a alegria do Evangelho”, acrescentou.
Segundo o responsável, a a festa da Divina Misericórdia convida todos a ir ao “coração da fé”.
“Não devemos interpretar a nossa relação com Deus e o nosso ser Igreja segundo categorias humanas ou mundanas, porque a boa notícia do Evangelho é, antes de mais nada, a descoberta de sermos amados por um Deus que tem entranhas de compaixão e ternura por cada um de nós, independentemente dos nossos méritos; lembra-nos, além disso, que a nossa vida é tecida de misericórdia”, apelou.
Somos chamados a comprometer-nos em viver as nossas relações não já segundo critérios calculistas ou ofuscados pelo egoísmo, mas abrindo-nos ao diálogo com o outro, acolhendo quem encontramos no caminho e perdoando as suas fraquezas e os seus erros. Só a misericórdia cura e cria um mundo novo, extinguindo os focos de desconfiança, ódio e violência: este é o grande ensinamento do Papa Francisco”.
![]() O presidente da celebração aludiu ao Jubileu dos Adolescentes, com a participação de milhares de jovens de vários países, incluindo Portugal, com bandeiras e roupas coloridas – uma espécie de ‘mini-JMJ’. A alegria pascal, que nos sustenta na hora da provação e da tristeza, hoje é algo que quase se pode tocar nesta praça; é visível sobretudo nos vossos rostos, queridos meninos e adolescentes que viestes de todo o mundo para celebrar o Jubileu”, referiu D. Pietro Parolin. O Jubileu dos Adolescentes incluía, no seu programa, a canonização de Carlo Acutis, adiada por causa da morte do Papa, o que não impediu a participação de peregrinos dos cinco continentes. “A todos vós, dirijo uma saudação especial, com o desejo de vos fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco, que teria desejado encontrar-vos, olhar-vos nos olhos e passar no meio de vós para vos saudar”, assinalou o secretário de Estado do falecido pontífice. O responsável católico alertou os jovens para os desafios da “tecnologia e da inteligência artificial”, convidando-os a alimentar a sua vida com “a verdadeira esperança, que tem o rosto de Jesus Cristo”. “Com Ele, nada será demasiado grande ou difícil! Com Ele, nunca estareis sozinhos nem abandonados a vós mesmos, nem sequer nos momentos mais sombrios”, acrescentou. |
A Missa deste dia de sufrágio foi celebrada, de modo especial, com os funcionários e fiéis da Cidade do Vaticano, a quem o cardeal Parolin agradeceu “pelo serviço que prestam diariamente”, também em nome de Francisco.
“Confiemo-nos à Virgem Maria, a quem ele estava tão devotamente ligado que escolheu repousar na Basílica de Santa Maria Maior. Que Ela nos proteja, interceda por nós, vele pela Igreja e sustente o caminho da humanidade na paz e na fraternidade”, concluiu.
O Papa Francisco, que faleceu na última segunda-feira, aos 88 anos de idade, foi sepultado este sábado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, conforme desejo expresso em testamento, depois da Missa exequial na Praça de São Pedro.
OC